segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Ano Novo.

As experiências vividas em 2007, boas ou más, foram grandes lições que generosamente Deus nos concedeu.
Passamos, todos nós, por situações em que questionamos nossa própria fé, outras em que depositamos toda confiança em nós e recebemos os prêmios merecidos.
Vimos e ouvimos muitas coisas, choramos por perdas, lamentamos erros cometidos, nos culpamos por nossas faltas, e mesmo que inconscientemente, nos punimos severamente.
Mas não podemos esquecer que apesar de tudo, sorrimos, comemoramos, nos realizamos com nossas vitórias, que até podem parecer pequenas, mas são conquistas que ninguém pode nos tirar.
O mais importante, e não podemos nos esquecer disso nunca, é que de tudo que aconteceu, aprendemos um pouco colhendo os frutos da sabedoria e maturidade, fazendo que nos tornássemos pessoas melhores, mas confiantes e mais capazes para enfrentar o futuro.
Amanhã já será um novo ano e com ele virão novas experiências.
O que desejo para todos nós, é que saibamos fazer as escolhas certas, tomar os caminhos certos e encarar a vida como um aprendizado e não como uma carga pesada e triste.
A vida por si só nos mostra como é maravilhosa, só depende da forma como a enxergarmos.

Então:

Vamos abrir os olhos do coração e da alma e aceitar este presente que recebemos todos os dias...


À nós todos.... muita paz, amor, saúde e sucesso!!!!

Feliz 2008.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

A carícia do vento...

Ela caminhava a passos lentos, no rosto um leve sorriso despreocupado, sentia as pequenas ondas quebrando-se em seus tornozelos, levava nas mãos, apenas um par de sandálias, que havia tirado quando pisou na areia branca.

Era final de tarde e o Sol se punha majestosamente, no horizonte distante. Ela contemplou aquele maravilhoso espetáculo da natureza e pensou consigo, quanta beleza existia nesse mundo e ela não havia percebido por todo esse tempo.

Podia sentir o calor dos últimos e derradeiros raios daquele sol, sentia o perfume do mar, a carícia das ondas, a maciez da areia e a brisa em seu rosto, como um delicado afago de mãos macias e sedosas, que tocava seu rosto e seus lábios delicadamente, descia por seu colo, peito, abdômen e pernas, como as mãos de um amante dedicado e paciente. Seu vestido de tecido leve, tremulava como velas de um barco a mercê do vento.

Todos os seus sentidos estavam aguçados e despertos, como a muito tempo não acontecia. Uma paz interior tomou conta de seu coração e alma, sentia-se flutuar ao som da música do mar. Jogou as sandálias para longe, levantou os braços ao alto e se entregou totalmente àquele momento mágico.

Podia ouvir, bem ao longe, as vozes de seus filhos lhe chamando, mas não se voltou na direção deles, continuou de frente para o mar. Eles poderiam esperar.

Afinal, ela mesma esperou muito tempo por este momento, esta paz e felicidade.
Tudo que havia acontecido em sua vida, afastando-a daquelas sensações maravilhosas, estavam indo embora levados pelo vento, para bem longe, num lugar onde ela jamais estaria de novo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

As coisas simples da vida.

Caminho pelas ruas de meu bairro todas as manhãs. E é muito agradável a sensação de cruzar com as pessoas e trocar um Bom Dia, acompanhado por um sorriso, principalmente nos dias de hoje, em que todas as pessoas vivem correndo e mau-humoradas, parecendo odiarem-se.
No trânsito, todos se ofendem constantemente, trocando palavras grosseiras e gestos brutos.
Porque não trocar as palavras ofensivas por palavras gentis, sorrisos em vez de grosseria, um muito obrigado de vez em quando?
Precisamos de mais amor no mundo, não de raiva, rancor e tristeza. Certamente viveríamos muito melhor se cada um fizesse sua parte, dizendo um simples Bom Dia, ou Boa Tarde ou Boa Noite.
Não sabemos das dificuldades diárias e das preocupações enfrentadas pelos outros, porém, sabemos que elas existem para todos. A diferença é como as encaramos, podemos escolher entre o mau humor ou a leveza de um dia mais alegre. Nenhum problema será resolvido se vivermos mau-humorados.
Quem sabe até eles se tornem mais fáceis de serem solucionados, se tivermos uma pouco de alegria dentro de nós, mais boa vontade e apenas trocarmos um simples sorriso, ao cruzarmos com algum desconhecido que nos diz .... Bom Dia!

Verdades mentirosas.

Para alguns de nós, existem verdades absolutas, as quais não questionamos e nem analisamos.
Mas me pergunto, porque são absolutas?
Não são flexíveis?
O que para nós hoje é certo, amanhã não poderá passar a ser errado?
Porque essa dureza na forma de pensar?
Será que são crenças incutidas em nossas mentes desde cedo, e que estão tão arraigados que não somos capazes de removê-las?
Se vivemos aprendendo no decorrer de nossas vidas, mudando nossa visão sobre várias coisas, constantemente, qual o sentido de sermos tão inflexíveis com estas tais “verdades absolutas”?
Já acreditei em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e até em cegonhas que traziam os bebês para seus pais. Mas tudo passa e mudei de opinião, acredito que para aquela fase de minha vida, estas histórias foram necessárias para que eu sonhasse.
Hoje, apesar de adulta, ainda acredito em sonhos, eles servem para nos dar esperança, para nos impulsionar. Quem não sonha, não tem expectativas, portanto, vive num mundo opaco, sem cor e sem graça, onde a realidade esmaga qualquer manifestação dos sonhos.

Quem define o que é certo e errado?
Quem dita as leis e regras de nossas vidas?
“Nós mesmos”.
Se temos este poder, então porque não desmistificamos as ditas verdades absolutas e repensamos se elas realmente valem a pena serem mantidas?

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Se...

Se eu fosse falar algo sobre mim, diria que estou em busca...

Busco uma nova vida, uma estrada menos complicada e mais simples...
Busco coisas simples, como acordar pela manhã e se encantar com o nascer do sol e de um novo dia...
Busco harmonia, paz de espírito e o equilíbrio que tanto preciso...
Busco o prazer nas pequenas coisas, como vislumbrar minha filha vindo em minha direção e me abraçar sem nenhum propósito...
Busco ter a capacidade de um sorriso fácil diante das coisas da vida, um “Bom Dia” qualquer, uma criança gargalhando, um cachorro rodando atrás de seu próprio rabo...
Busco uma paixão, do tipo que te faz acordar no meio da madrugada, feliz, só por saber que a pessoa existe, aquela que faz seu coração pular no peito quando a pessoa se aproxima...rir facilmente de suas piadas bobas, seus olhares serenos e sorriso encantador...

Busco porque sei que todas estas coisas existem e são possíveis...

Busco por que acredito e quero apenas
“me sentir viva”...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Para você...

Não tenho muito a oferecer, a não ser eu mesma.
Não tenho bagagem, não tenho dinheiro, nem tenho passado, tenho apenas a mim...
Não tenho histórias, nem alegres e nem tristes, para te contar. Deixei tudo para trás.
Meu palácio foi trancado e esquecido, e lá ficaram minhas riquezas e minhas lembranças. Não carrego mais nada, pois nada mais me serve agora.
Sigo em frente, de cabeça erguida, olhos bem abertos e passos firmes, levando comigo só minha vontade, minha fé e minha força.
Não ofereço perigo algum, tampouco tenho medo e arrependimentos. Abandonei minhas incertezas, minhas inseguranças e indecisões.
Agora, viajo no tempo, vivendo um dia de cada vez, não desperdiçando nenhum minuto, pois o tempo é um presente valioso.
Não sei quem fui e tampouco quem serei, sei apenas quem sou agora. Deixo o vento me levar e os sentidos me guiarem.
Sei que nada é eterno e que tudo é passageiro.

Mas se quiser, agora, posso ser sua...

sábado, 6 de outubro de 2007

Prazeres possíveis.

Ela, ainda com a toalha de banho enrolada em seu corpo, ansiosa tentava se maquiar. Sua cabeça fervilhava, pensava que esta louca. Mas se de fato estava, que loucura maravilhosa era aquela.

Borrifou em algumas partes do corpo seu perfume preferido, aquele que só usava em ocasiões especiais. Pegou no armário o melhor conjunto de lingerie, na cor preta e muito sexy. Olhou-se no espelho e aprovando a imagem, sorriu de volta para o próprio reflexo. Pôs o vestido escolhido cuidadosamente, vestiu as sandálias de salto muito alto, deu mais uma olhada no espelho e satisfeita saiu do quarto.

Enquanto aguardava a chegada dele, preparou uma taça de vinho branco bem gelada, sentou-se na elegante poltrona e ficou bebericando a deliciosa bebida.

Passados alguns minutos, a campainha tocou anunciando a sua chegada. Ela dirigiu-se à porta ajeitando o vestido, abriu devagar e deparou-se com aquele sorriso marcante, que só ele era capaz de dar.

Ele passou pela porta sem tirar os olhos dela, fez uma longa verificação de seu corpo e com os olhos marotos, puxou-a para si. Deu-lhe um beijo arrebatador, como se fosse a última vez que a beijaria. Ela quase perdeu a noção de tempo e espaço, suas pernas ficaram bambas, mas ainda assim se afastou dele, trancou a porta e lhe ofereceu uma bebida.

E ele, com um olhar intenso e determinado, recusou a bebida, pegou-a em seus braços e foi diretamente para o quarto. Depositou-a na cama e olhando fixamente para ela, foi se despindo. Enquanto ela pensava em todas as coisas que havia preparado para aquela noite, ele se deitou sobre ela e começou a beijar sua boca, pescoço, colo, até chegar ao decote do vestido. Ela lhe ajudou a tirar a peça, jogando-a para longe junto com os pensamentos anteriores. O que importava agora, era só aquele imenso prazer que sentia.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Você sabe o que é melhor para você?

Se você sabe, está de parabéns!
Eu, honestamente, vivo ao tropeços e trombadas com meu ego. As vezes sendo "eu" a fazer a escolha e outras (muito mais) o "ego". Antes, realmente acreditava que ele era meu parceiro, "meu chapa", mas com o tempo e prestando muita atenção, percebi que ele é mais "juiz" do que amigo. É como um cara inconveniente que acha que está sempre certo e vive ditando regras.
É como uma espécie de termômetro, medindo o tempo todo os "certos" e os "errados".
Porém, o meu "eu" está com o saco cheio de regras, elas são chatas, restritivas e cansativas, existem com a única finalidade de nos podar, deter nossos impulsos instintivos, para que depois cheguem as celebres perguntas:
- Porque não fiz?
- Porque não fui?
- Porque não deixei rolar?

Assim, apresento-lhes o majestoso EGO, que se desaparecer de minha vida, certamente saberei e farei o que é melhor para mim.

ps.: Sem julgamentos....

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Eu vou...

Se navegar é preciso, então quero me juntar aos loucos desbravadores e assim partir em busca do desconhecido.
Eu vou...
Vejo a minha frente, tantos caminhos, tantas possibilidades, tantas escolhas. Quero ir e deixar o medo para trás.
Eu vou...
Minhas pernas me levarão.
Olho para o mundo, da janela do quarto, posso sentir mais do que ver, as coisas acontecendo incansavelmente e ininterruptamente. O mundo não pra, não espera por ninguém e nem faz concessões.
Então, eu vou...
Deixo minhas velhas roupas, meus antigos sapatos, meus discos gastos de tanto tocar. Deixo minha pequena e confortável cama, minha poltrona preferida, com seu tecido gasto e desbotado, toda minha zona de conforto.
Deixo minhas fotos, meus filmes e minhas poucas coisas de valor. Tranco a porta e levo comigo apenas o que necessito, só o essencial.
Jogo as chaves no lixo, não voltarei mais e mais nada me pertence.
Eu vou...
Vou de coração e alma livres.
Minhas pernas me levarão...

Minha Fortaleza...

Conforme seguia em passos indecisos a caminho do portão de saída, sentia que as pedras que sustentavam o chão, iam aos poucos ruindo. Pareciam areias movediças, que afundavam com meu peso. Senti um enorme pavor de cair em um buraco desconhecido, profundo e totalmente escuro. Apressei meus passos, pois as pedras logo atrás de mim iam desaparecendo e tinha que correr para evitar minha própria ruína. O portão de saída, que antes me parecia tão próximo e acessível, de repente tornou-se inalcançável. Corri desesperadamente em sua direção, mas como num pesadelo, não conseguia chegar até ele. Naquele momento, meu cansaço era tanto que tive vontade de sucumbir e me deixar sugar para baixo, juntamente com as pedras que caiam rapidamente. No entanto, algo dentro de mim gritava a plenos pulmões que eu reagisse e me esforçasse para seguir em frente.
E assim, superando meus limites, busquei uma força e uma determinação que jamais achei que possuía, corri como louca em direção ao portão e consegui chegar. Porém, quando minhas mãos tocaram a maçaneta e olhei para trás, para aquela antiga fortaleza tão conhecida e em que vivi anos a fio, e fui assaltada por uma profunda tristeza em abandonar aquele lugar, hesitei em abrir o portão por alguns minutos, mas vendo que tudo ia por água abaixo, tomei a decisão de enfrentar o desconhecido. Respirei fundo e com o coração em pedaços abri o portão e com os olhos fechados me atirei para fora. Quando senti o chão duro sob minhas costas, abri lentamente os olhos e vi minha fortaleza se desfazendo por completo, como se nunca houvesse, de fato, existido.
Armei-me de toda minha coragem para levantar, virei para frente e vislumbrei um imenso vale, com diversas trilhas diferentes e completamente desconhecidas para mim. Senti medo de me mover, mas sabia que era preciso. Fechei novamente os olhos e deixei que minha intuição guiasse meus passos, seguindo em qualquer direção. Assim continuei por algum tempo até ter a coragem de abrir os olhos e ver o que havia adiante. Para minha surpresa, a minha frente estendia-se um caminho ladeado por lindas flores coloridas e perfumadas. Pude sentir uma agradável brisa e meu coração se confortou, pois tive a sensação de que dali para frente, mesmo sem minha fortaleza, eu estaria segura.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Estes olhos teus...

Sinto um toque azulado assim que me olha.
É como se perder na imensidão do céu de Outono, quando a tarde está límpida e calma.
Teus olhos têm várias nuances de azul, desde o mais escuro como as profundezas do mar, ao mais claro, iguais as manhãs de verão em que o sol brilha intensamente.
Tem na força do olhar um impacto sobre os meus sentimentos. Dependo exclusivamente da forma como me fita. Sou uma espécie de ser que responde de acordo com o tempo.
Se há tempestade em teu olhar, há medo em mim. Se perceber angústia, me sinto triste. Se notar alguma dor, me desespero. Mas se vejo alegria, pois você sorri também com os olhos, minha alma fica em paz e feliz.
Que poder é este que exerce sobre mim, que com um simples olhar pode me transformar? Será a beleza destes olhos teus, tão expressivos?
Ainda que mudem com relativa frequência por teus inconstantes estados de humor, nunca perdem a magia de me comunicar perfeitamente o que tem dentro de ti. Não precisa de palavras para se fazer entender.
E assim, como teu escravo, vivo a mercê de teus olhares, pois o meu próprio é tão significativo quanto um céu deserto, sem estrelas, sem brilho e sem luz.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

No trânsito

Dia chuvoso, trânsito caótico, segunda-feira.....
Dá pra imaginar ....
Saio cedo, sempre o mesmo caminho, sempre a mesma estação de rádio, sempre as mesmas notícias. O locutor fala pelos auto-falantes do aparelho, com sua voz monótona:
- Lentidão na cidade, mais de 150 kilometros registrados pela CET, evitem a Marginal Pinheiros na altura da Ponte Morumbi, pois houve um engarrafamento e duas, de suas pistas, estão bloqueadas.
Penso comigo, que novidade.... E o pior é que meu destino é bem próximo do local mencionado. De qualquer maneira, estou praticamente parada no mesmo lugar faz uns 15 minutos. Aliás, não apenas eu, mas uma pequena multidão de veículos.
Pra passar o tempo, começo a prestar atenção aos meus companheiros de congestionamento.
Olho para o carro da esquerda e vejo uma mulher, aparentemente com seus 30 e poucos anos, com o quebra-sol abaixado e se maquiando, não me parece muito preocupada com o trânsito, pois enquanto se embeleza, canta alguma música que, acredito eu, esteja tocando em seu rádio.
O carro logo a minha frente tem duas pessoas, que pelo que posso perceber, estão discutindo, pois vejo mãos se movendo freneticamente e um olhando para o outro (homem e mulher), falando sem parar.
O da minha direita, penso ser algum vendedor, está falando ao celular, mexe muito com as mãos e as vezes bate no volante (deve estar bem nervoso).
Olho pelo retrovisor e percebo que o motorista do carro atrás do meu, teve a mesma ideia que tive, pois presta atenção aos motoristas vizinhos e está sorrindo despreocupadamente. Também sorrio, pois afinal qual a vantagem de se estressar se não conseguirei sair do lugar.
Coloco um CD e começo a curtir uma música agradável, esquecendo onde estou, para onde vou e o que vou encontrar.....

terça-feira, 12 de junho de 2007

Apenas mais uma história...

Tudo começou com uma despretensiosa viagem ao litoral norte de São Paulo. Foi tão despretensiosa que continua até hoje, talvez não da mesma forma, mas continua e com a maioria dos personagens. Ocorreram mudanças durante todo este tempo, alguns sumiram, outros estão sempre presentes e ainda outros são vistos eventualmente.
Durante esse período, tiveram grandes conquistas e descobertas, rolaram vários romances, uns duraram outros não. Mas o mais importante foram os sentimentos que nasceram desta história, aqueles que uniram pessoas tão diferentes, com a finalidade de torná-las mais felizes. Criaram-se famílias....vejam só....Vieram os novos integrantes, que já deixaram de ser bebes e passaram a adolescentes.
Assim é o tempo...Ele passa e não percebemos , não notamos que estivemos em constantes mudanças, nos tornamos mais sóbrios, responsáveis e acabamos esquecendo as coisas simples da vida. Começamos a dar mais valor ao “progresso” e conquistas pessoais, acumulamos bens materiais, trocamos de carro, de casa, de empregos, buscando sempre o “melhor” para nós...
Mas quando nos damos conta, já não somos mais jovens,nem cheios de energia e disposição para a vida e a alegria, pois acumulamos “bens” e não “bons” momentos, em algum lugar nós os perdemos por não prestarmos atenção a cada um deles e acabamos ficando insensíveis, cegos e egoístas.
Depois nos perguntamos: Como isso aconteceu?
Como não tivemos a capacidade de nos envolvermos mais com as coisas realmente importantes?
Simplesmente não mantivemos conosco a mesma disposição e boa vontade de quando éramos mais jovens e mais cheios de esperanças.
Penso que a maturidade é uma forma cruel de nos apontar os erros cometidos no caminho, para que possamos ajustar nossas vidas e percebermos o quão é importante o “agora” e o que devemos fazer com nosso tempo, nossas vidas e nossos sonhos.
Acho que os sonhos não morrem, assim como os verdadeiros sentimentos. Eles são apenas guardados em caixas e arquivados, assim, quem sabe um dia, possamos resgatá-los e apreciar estes bens tão preciosos que nos dão razão para viver.

Ainda me lembro daquela viagem...

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Compras, Tequila e analgésico.

Tudo começou com um encontro casual entre Berta e Luíza, numa loja de bolsas.
Ambas gostaram do mesmo modelo, que era clássico sem ser sóbrio. Porém, a vendedora lhes informou que aquela era a única bolsa disponível para venda, pois o modelo havia se esgotado rapidamente.
Berta, a mais indignada e irritada, logo começou a discutir com a pobre vendedora, falando alguns desaforos, achava que aquilo era um verdadeiro absurdo ter apenas um item disponível.
Luíza, a mais calma e equilibrada, para apaziguar a situação e salvar a vendedora da ira de Berta, disse que tudo bem, escolheria outro modelo.
Assim, terminada a discussão e outro modelo sendo escolhido por Luíza, Berta a convidou para um drink, pois afinal estava muito grata pela bondade da outra e se achava em débito.
Luíza aceitou o convite e se decidiram por um bar Mexicano, ao lado da loja de bolsas.
Acomodaram-se numa mesa ao lado de grandes janelas, para apreciarem o movimento lá fora. Pediram alguns petiscos e uma garrafa de tequila.
Na medida em que o tempo foi passando, a quantidade de tequila ia diminuindo na garrafa e subindo o nível alcoólico em Luíza, que não estava tão acostumada a bebidas fortes.
As duas falaram muito e riram bastante da situação, até que Luíza, munida de coragem por conta da tequila, disse à Berta:

- Sabe querida, eu realmente gostei muito daquela bolsa, fiquei bastante chateada com a situação.

- Mas você que abriu mão dela - disse Berta sem entender o que a outra queria.

- È, eu faço isso sempre e depois me arrependo.

- Olha Luíza, você me desculpe, mas o problema é seu. Quem não luta pelo que quer acaba sempre infeliz. E também não pedi para fazer isso. - Berta respondeu com o rosto vermelho de raiva.

- Eu sei, você tem razão Berta. - disse Luíza, remexendo em sua bolsa.

Encontrou um envelope de analgésico e o colocou em frente a Berta, levantando-se e dizendo:

- Fique com isto querida, também é o único, pois você precisará mais do que eu.

Berta nem sequer notou quando Luíza pegou a garrafa de tequila e a atirou diretamente em sua cabeça. Enquanto a garrafa acertava a cabeça de Berta, Luíza saiu do bar, meio cambaleante, mas extremamente satisfeita, finalmente acabara de fazer alguma coisa que lhe dera vontade.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Em busca da terra do nunca....

Passamos muito tempo de nossas vidas buscando algo que de fato não existe.
Buscamos incessantemente um lugar de maravilhas infinitas e felicidades intermináveis.
Quanta expectativa acumulamos nesta vida... Esperando sempre que tudo seja da forma que assistimos nos filmes e lemos nos livros... Acreditando que num piscar de olhos, tudo se transformará em paraíso.
Só que, com o passar do tempo, acabamos descobrindo, com nossos próprios erros e julgamentos, que as coisas não são bem assim... O tão almejado paraíso não é exatamente como desejamos que seja. Muitas vezes ele se apresenta de formas diferentes e em tempos diferentes. Leva-se muito tempo para descobrir isso.
Aquilo que buscamos, que desejamos, que queremos muito, depende única e exclusivamente de nós mesmos. Somente nós podemos nos fazer felizes, somente nós acharemos por conta própria a felicidade e a paz de espírito, pois somente nós temos este poder.
As lições e exemplos da vida, estão aí, a nossa frente, em todas as circunstâncias, lugares e acontecimentos, para comprovar que o primeiro passo é nosso.
Quando deixarmos cair as cortinas da ilusão e enxergar com os olhos da alma, veremos que nem tudo está perdido, não existe a terra prometida, mas sim o dia-a-dia que construímos para nós.
O que existe realmente é o agora e o que decidimos fazer com ele, para valorizarmos o que é importante e essencial às nossas vidas.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Olhos nos olhos.

Me olho no espelho pela manhã e vejo alguém que não conheço. O rosto amassado, o cabelo desalinhado, o pijama todo torto e os olhos (ah... esses sim são os grandes vilões), estão opacos, sem brilho e sem vida. Que horror!
Arregalo bem os dois e procuro minuciosamente as características que antes eu via, tais como, alegria, vivacidade, entusiasmo e muito brilho....
Sei que estão lá, em algum lugar, pois as coisas não se perdem assim, de uma hora para outra...
Fixo tanto meu olhar no espelho que meus olhos ficam ardentes e cansados, mas resolvo não esquentar com isso, melhor tomar um banho relaxante, vestir uma roupa bonita e me maquiar, para melhorar o visual.
Tudo feito, volto ao espelho e, para minha surpresa, os mesmos olhos se refletem! Mas que droga! Dane-se! Meio aborrecida sigo meu dia.
Porém, no decorrer do período, isso não me sai da cabeça. Em algum momento me lembro que li ou ouvi algo assim " Os olhos são o espelho da alma " e em choque percebo que realmente é isso que me incomoda, o problema não é externo, mas sim o que vem de dentro de mim. Procuro recordar qual foi a última vez que vi meus olhos brilharem, mas não consigo me lembrar... O que foi que aconteceu?
Praticamente em pânico, decido que não quero mais esta situação. Pego as páginas amarelas e busco desesperadamente um terapeuta, psicólogo, psiquiatra, ou qualquer pessoa que me ajude.
Mas alguns momentos depois, recebo um e-mail vindo de uma amiga (inclusive é a mesma que escreveu o texto abaixo sobre liberdade " a Marta"), respiro fundo e presto atenção a mensagem e para meu conforto, era exatamente o que eu precisava ouvire também ler o texto que ela escreveu. Coisas simples como a liberdade de dirigir, ter amigos, bater papo, etc...
Assim, quando olhar meus olhos novamente no espelho, lembrarei da mensagem e tenho absoluta certeza de que serão os velhos olhos brilhantes e cheios de entusiasmo que verei!

Liberdade e dependência

Liberdade pra mim é sinônimo de leveza. Liberdade não é simplesmente poder ir e vir, não é simplesmente poder fazer algo, a liberdade está ligada a sensação de leveza que esse caminhar ou esse fazer te causa.

Já que esse espaço é pra chapar nas idéias, vou viajar nessa minha grande dúvida da vida. A dependência que eu tenho da liberdade e da dependência que tenho das coisas que me causam essa sensação de leveza e de liberdade.

To sem carro há aproximadamente 40 dias e descobri o quanto sou dependente do meu carro. Mas, não exclusivamente do carro, de um determinado carro. Mas, da sensação de leveza e liberdade que dirigir me proporciona. Eu posso ir e vir pra onde quiser, de taxi, de avião, de metro, whatever. Mas, nada se compara à sensação de poder ir e vir com meu próprio carro. Sem meu carro decido não ir e fico presa. Presa pelo que eu mesma determinei por liberdade.

Outro dia rodei 2000 km porque optei por viajar de carro e não de avião, alguns ficaram me achando uma doida, outros ficaram preocupados com o meu cansaço ou com os riscos da viagem. Eu simplesmente adorei! No final até estava um pouco fisicamente cansada, mas estava leve, livre. Vai entender!

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Renascer

Há momentos na vida em que nos sentimos profundamente sozinhos, deixamos que a angústia tome conta de nosso coração, nossa alma e nossa vida. Então, parece que nada mais tem graça, nada tem luz e nem brilho. Não conseguimos nos mover, nem sorrir, nem deixar que o Sol ilumine nosso caminho. Os dias são todos nublados, chuvosos e frios.
Porém, apesar de tudo que nos faz sentir isso, a vida continua, ela está ai, só esperando que façamos nossa parte.
E qual é nossa parte?
É apenas deixarmos que os pensamentos e sentimentos ruins irem embora. Expulsá-los de nossa mente, não aceitá-los mais como nossos.
Faz-se necessário que acreditemos na vida, no divino milagre que se mostra todos os dias, todas as horas e todos os momentos. Basta olharmos para todos os lados com os olhos do coração e ver quanta vida existe por ai, quanta beleza. O Universo nos mostra infinitas possibilidades.
Contudo, sei que as coisas não são tão simples, mas precisamos crer, precisamos seguir o único caminho possível... Sempre em frente... Sempre em busca da felicidade e da realização.
Vamos renascer!

quarta-feira, 2 de maio de 2007

A Flor.

Seguia eu, pelo caminho mais longo do parque, quando imersa em meus pensamentos, ouvi um ruído vindo de uma das árvores. Olhei com atenção na direção do som e percebi que o vento sacudia os galhos da árvore e ela lançava ao chão algumas de suas flores e folhas.
Fiquei admirando uma das belas flores amarelas, que flutuando e girando no ar, ia em direção ao chão. Segui o trajeto lento e gracioso da flor e estendi o braço no momento em que ela chegaria ao chão e ela delicadamente pousou na palma de minha mão. Ela era majestosa e bela, de um vibrante amarelo e trazia consigo uma pequena folha verde clara presa a seu cabo.
Fiquei maravilhada com a beleza daquela flor e resolvi levá-la comigo. Tomei a trilha novamente e prossegui com meu passeio até o fim do parque.
Contudo, ao chegar no portão de saída, notei que a flor havia murchado, assim como sua pequena folha, perdendo grande parte de sua beleza. Ela deixou a vibrante cor para tornar-se meio escurecida e sem brilho.
Naquele momento, percebi que a beleza e pureza daquela flor, estavam exatamente no fato de fazer parte da grande árvore, que em harmonia, uma completava a outra. E a natureza, perfeita no ciclo da vida, havia desprendido a bela flor, pois seu tempo ali havia se acabado e já era a hora da transformação.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Os olhos da bondade.

Felizmente somos seres humanos dotados do sentimento de bondade. Todos, sem exceção, tem dentro de si um lado bom. Mesmo aqueles que vivem praticando atos de maldade ou crueldade, são seres humanos assim como nós, pessoas que em algum momento de suas vidas deixaram que seu lado bom fosse sobreposto pelo mal, seja pela desigualdade social, por abusos constantes, por fome, por falta de amor, por carência, ou até mesmo por inveja.
Não importa o tipo de sofrimento ou provação impostos, naturalmente o instinto de defesa lhes tornan alertas e incuti em suas mentes o preceito de que “a melhor defesa é o ataque”.
Nós, que nos consideramos boas pessoas, generosas, honestas, trabalhadoras e acima de qualquer suspeita, também temos nossos momentos de raiva, ira e até sentimentos de vingança, mas que diante destes pensamentos obscuros, somos dignos de perdão e entendimento por sermos bondosos.
Mas o que é realmente ser bom? É ajudar com freqüência entidades carentes? É doar roupas, objetos ou alimentos aos mais necessitados? É contribuir com dinheiro organizações sem fins lucrativos? É somente isso?
Quem de nós, num momento crítico, tivemos a capacidade de olhar com olhos de bondade para nosso inimigo? Questionarmos os motivos daquela atitude? Porque ao contrário de sentirmos medo daquele ser humano, que talvez nunca tenha se sentido digno de coisa alguma, não lhe concedemos o benefício da dúvida? Sem transmitirmos a ele toda nossa sensação de raiva e desprezo?
Cada um é o que é, mas nunca saberemos de fato, se teremos o privilégio e a satisfação de resgatarmos uma alma atormentada, sem lhe dirigir o olhar da verdadeira bondade.

domingo, 15 de abril de 2007

Angustia tem cura.

Sinônimo de sofrimento, sentimento de que estamos acorrentados e não conseguimos nos soltar, por muitas vezes nos levando ao fundo do poço. Tentamos nos livrar desta horrível sensação, lutamos contra a falta de perspectiva e ficamos no escuro, onde habitam nossos monstros interiores: o medo, a insegurança, a desilusão, a rejeição e a falta de amor.
Quando estamos nesta situação, não basta apenas tentar lutar, temos que ter fé, acreditar que é possível e que temos em nós uma pequena chama, capaz de ascender à lanterna que nos possibilitará enxergar a saída. Assim vamos seguindo em passos lentos, mas ininterruptos, mantendo a luz acesa.
Certamente haverá momentos em que nos faltará força, porém a esperança estará lá e podemos nos agarrar a ela. Então, buscarmos novamente a fé, principalmente a fé que reside dentro de nossos corações, achar a determinação necessária para seguir em frente, a caminhos da paz, do amor e da felicidade!
A fé, nada mais é do que a crença inabalável em nós mesmos.

Quantos anos você tem?

Você ainda se lembra do delicioso aroma de bolo, que a tarde , assando no forno da cozinha de sua casa, inundava o ar até o quintal?
Você chegava da rua, que ainda era de terra, todo suado e com as roupas e mãos todas sujas e empoeiradas das brincadeiras com os amigos da vizinhança. As vezes com os joelhos e cotovelos ralados, mas como uma enorme satisfação por ter derrotado a todos na corrida de carrinhos de rolimã, depois enganado todo mundo quando não o encontraram em seu esconderijo perfeito na hora do esconde-esconde.
Você entrava na cozinha e ia direto para a tigela, que ainda suja da massa do bolo, aguardava em cima da pia só para ser lambida. Sua mãe ralhava com você por ter entrado com os pés sujos e meter a mão na tigela. Você corria para se lavar e aguardava até que bolo saísse do forno para roubar um enorme pedaço e tomar um copo de suco de uva bem geladinho. Então, refeito, saía para a rua novamente e inventava com os amigos mais um monte de brincadeiras. E assim, as tardes passavam , alegres e despreocupadas.
Depois, quando já era noite, seus pais permitiam que saísse, só mais um pouquinho, para a parte mais legal, que era a hora perfeita para brincar de beijo, abraço, ou aperto de mão e então você podia dar um selinho naquela sua colega, que era a mais bonita da rua.
Então seu tempo terminava e você tinha que entrar, a chamado de seus pais e exausto, deitava-se na cama e dormia imediatamente, com um sorriso nos lábios e a leveza que somente as crianças possuem.
Se você se lembra de tudo isso com saudades, é porque ainda resta um pouquinho de criança dentro deste homem, desta alma. Então porque não deixar que esta criança, escondida, ainda se divirta e brinque como antes?
Não podemos esquecer que a idade existe apenas em nossas mentes, apesar das mudanças em nosso corpo, mas podemos manter nossos espíritos sempre jovens!

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Tatiele

Tenho uma amiga com esse estranho nome, não só o nome é estranho, mas suas atitudes também. Ela vive em um closet, no qual se sente segura e quando sai de lá, sua vida vira uma confusão. Perde as chaves, perde o rumo e se perde.
Apesar de tudo, ela é uma pessoa singular, pois em toda a confusão que vive, consegue se entender como ninguém. Sabe exatamente do que tem medo, conhece bem suas inseguranças, ironiza seus sentimentos e não tem vergonha de ser confusa.
Penso que na verdade, ela nem é tão confusa assim, apenas gosta desta situação, pois acabou se acostumando com isso.
Seu lar, o closet, é um lugar onde ela pode esconder de todos, a pessoa maravilhosa que é, mas que acredita não ser, então se esconde lá e não arrisca nada, nenhum relacionamento, nenhuma mudança de vida, e assim por diante. As vezes não quer nem responder seus próprios questionamentos, pois pode descobrir alguma coisa que mude sua vida.
Espero sinceramente que ela abandone o closet, tranque a porta e jogue a chave fora, de preferência no mar, para que nunca mais volte a achá-la, que transforme sua confusão em algo positivo, encontre suas respostas e deixe aflorar a sua verdadeira essência.
Caso queiram conhecer a confusa Tatiele, visitem seu blog no seguinte endereço:
http://cozinhandoovos.blogspot.com

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Nunca é tarde para o amor.

Madalena adorava dançar, mas se esqueceu da última vez que foi a um baile. Depois que ficou viúva, houve um longo período de luto, como mandava a tradição, pois tinha sido criada daquela forma e vivia numa cidadezinha pequena em que o povo reparava em tudo.
Suas amigas, que já haviam viuvado há mais tempo, não perdiam tempo e estavam presentes em todos os bailes promovidos pelo clube de campo Água Viva. Mas Madalena, resignada, mantinha-se afastada destes eventos, comparecendo unicamente as missas dominicais.
Vez ou outra, recebia a visita delas, no chá da tarde, em que lhe relatavam com entusiasmo as suas peripécias no salão. Até mesmo algumas paqueras andavam acontecendo.E Madalena ouvia com interesse e até um pouquinho de inveja. Amou muito seu falecido marido e jamais ninguém o substituiria, mas sentia falta de alguma emoção na vida, não queria apenas esperar a morte chegar.
Com certa freqüência as visitas foram aumentando e com elas novidades chegavam aos seus ouvidos, aparentemente um novo morador da cidade passara a frequentar o baile e conforme suas amigas, um senhor extremamente bem apessoado e ouviram alguns boatos de que também era muito rico. Clarice, a mais nova entre elas, andou investigando discretamente e descobriu que o estranho era solteiro e que estava à procura de uma companheira. Todas estas novidades causaram um frisson entre as amigas, que discutiam efusivamente sobre qual tipo de mulher ele tinha em mente. Madalena pacientemente ouvia as conversas e pensava consigo o quanto suas amigas se comportavam como adolescentes. Bem, ao menos havia um pouco de agitação em sua casa, o que já era alguma coisa.
No Domingo seguinte, sentou-se em seu lugar de costume no banco da Igreja e de repente alguém se acomodou a seu lado, mas ela, muito discreta, não olhou na direção da pessoa.
Ao final da missa, quando todos já estavam se levantando para irem embora, a pessoa permaneceu sentada e quando Madalena olhou em sua direção e já ia pedir licença, notou que se tratava de um senhor e que este não tirava os olhos dela. Corando pediu que a deixasse passar, mas o desconhecido pegou em suas mãos e disse:
- Madalena, não está me reconhecendo? Mudei tanto assim?
- Me desculpe senhor, mas não o conheço e nem me recordo de tê-lo visto algum dia. – respondeu e olhou em volta para se certificar de que ninguém estava reparando na situação. – se me permitir passar, por favor, agradeceria muito.
Ele a deixou passar, mas a seguiu até a porta e segurou em seu braço firmemente, virou-a para si e com um sorriso encantador voltou a lhe falar:
- Acredito que eu tenha mudado muito mesmo, mas você continua a mesma. Estes mesmos olhos inconfundíveis.
Madalena, confusa e já um pouco assustada tentava se libertar das mãos do estranho, quando uma pequenina luz se acendeu em sua memória.
- Bem, você me lembra um pouco o Adolfo, que estudou comigo em São Paulo, mas isso já faz muito tempo.
- Pois você acertou em cheio, sou eu mesmo. Claro que com menos cabelo e com os que sobraram, todos grisalhos.
- Mas o que faz aqui, por estas bandas?
- Eu me mudei para cá, faz alguns meses.
- Mas você conhecia esta cidade?
- Na verdade não, mas um outro motivo me trouxe até aqui.
- É mesmo e qual foi?
- Você!
- Eu? – perguntou Madalena completamente confusa.
- Sim, pois se você não se lembra, eu era completamente apaixonado por você naquela época, mas você teve que voltar para cá e eu tive que seguir carreira na empresa de meu pai. Porém, nunca te esqueci e também não consegui me apaixonar por mais ninguém, então procurei informações sobre você e soube que havia se casado e estava feliz. Conformei-me por algum tempo, mas depois voltei a investigar e descobri que seu marido faleceu, aguardei pacientemente seu sofrimento e o tempo de luto, para agora poder me aproximar de você e finalmente pedi-la em casamento.

Acredite em você.

Sabe, quando penso em você, sinto um carinho tão grande que acho que não te passo a exata medida deste sentimento.
Você cresceu comigo, com apenas 10 anos de diferença, e é como se fosse minha filha, irmã e amiga.
Eu via você crescendo e tinha certeza que teria um futuro brilhante, pois é o que você é “brilhante” e não só isso, é também inteligente, bonita, capaz, especial e muito amada, porém às vezes sinto que você não se da conta disto, não percebe todo seu potencial.
Acredito tanto em você, na sua infinita capacidade de criar, que é algo inigualável e belo, me emociono com o que você escreve e cria, com sua sagacidade e humor.
Quero tanto que acredite mais em você, pois você só tem coisas boas. Você sabe que seus dias são o reflexo de seus atos e pensamentos, pois então, pense nisso e viva sua vida plenamente, não existem imperfeições em você, afinal tu és a imagem e semelhança do grande Criador.

Com muito amor....para você....Querida.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Renovar é preciso.

Quanto nos custa abandonar alguns conceitos passados? Crenças antigas que carregamos conosco feito um saco de entulhos que a cada dia fica mais pesado, mais difícil de se mover com ele? O preço é muito alto, mas a recompensa vale a pena.
Quantas destas verdades ainda nos servem? Será que a vida não mudou o suficiente para que transformemos nossas antigas crenças em novas verdades?
Nós mudamos constantemente e nos renovamos através de nossas células. Então porque também não mudar o padrão de nossos pensamentos e evoluir?
Talvez o que antes nos servia perfeitamente, agora já não tenha mais nenhum valor. O exemplo mais simples do que estou dizendo é como uma peça de roupa da qual gostávamos tanto, mas que agora, quando a olhamos em nosso guarda-roupa, não tem mais o mesmo charme e nem nos deixa mais elegantes e belos, como antes. Ou até mesmo aquele restaurante, ou bar, que nos era tão agradável e com o tempo, perdeu o encanto.
A vida é cheia de mudanças, trazendo sempre novos desafios e situações desconhecidas, que infelizmente se não as aceitarmos e nos adequarmos, ficaremos para trás. Esperaremos algum indício de reconhecimento daquele terreno seguro e confortável que fatalmente não existirá mais.
Não devemos parar e aguardar que as coisas permaneçam iguais, mesmo que nos sintamos inseguros, pois tudo se renova e se transforma e exige de nós que tenhamos coragem para encarar as novas fronteiras.

Confissão.

Quero te dizer que te amo e que te odeio, que não quero mais te ver, mas que sinto sua falta. Você é uma mentira aos olhos dos outros, mas eu sei de suas verdades. Eu sei quem você é e também sei o que te faz ser assim, pois é o que te protege e caso não fosse assim, as pessoas notariam seus sofrimentos e sua solidão.
Eu acredito em você e sei da sua importância em minha vida. Não me sinto melhor e nem mais forte que você, apenas igual. Eu entendo seus sentimentos por também sentir as mesmas coisas. Somos muito parecidos e agimos quase que da mesma forma.
A vida não é fácil, tão pouco os relacionamentos são. Talvez seja por este motivo que meus sentimentos por você sejam tão contraditórios e tão intensos.
Contudo, não se ofenda nem se magoe, pois acima de tudo, quero você sempre perto de mim, porque você é meu espelho e eu jamais saberia reconhecer meu reflexo, sem isso.
Tudo é muito confuso e inexplicável, mas a única certeza que me resta é a de que tenho um enorme carinho por você. Portanto, não desapareça de minha vida.

Amigo

Caro, querido e insubstituível amigo, penso que Deus inventou a família para que você possa ouvir minhas queixas e lamurias sobre ela. Não que a família não esteja em primeiro plano, esta e permanecera para sempre. Mas com certeza, o amigo esta logo atrás. Afinal, quem melhor do que o amigo que pode, com paciência e coração aberto, ter todo o tempo do mundo para nos escutar, quando chorando nos lamentamos de alguma desilusão amorosa, ou explosões de raiva por que não aguentamos mais nosso trabalho?E quando bêbados, falamos sem parar e nem sequer damos ouvidos ao que ele nos fala, muitas vezes com razão, sobre o suposto problema...
Quem é que nos aguenta quando algumas vezes o magoamos com atos ou palavras e ele simplesmente releva por saber como somos...
Quem é que pode ser tão sincero conosco a ponto de nos fazer chorar ou sentir raiva, para depois, mais calmos, admitirmos que ele estava certo...
Para o amigo, você é quem é , certo ou errado, feio ou bonito, chato ou não....
Ele gosta de você como é e nas infinitas discussões nos botecos da vida, sempre acaba fazendo um brinde com um copo gelado de cerveja, somente por serem amigos...

Desejo à minha filha que ela possa ter na vida amigos verdadeiros e fieis e que saiba cultiva-los para entender a enorme importância desta pessoa em sua vida.

Com amor....... a todos os meus amigos...

Perdão...

Palavra fácil de dizer, mas difícil de acatar. Às vezes achamos que perdoamos, mas apenas desculpamos. Com essa falsa sensação permanecemos muito tempo, ate que algo nos traz aquelas lembranças que ocultamos e percebemos que nos sentimos magoados ainda. Ficamos remoendo e rememorando os acontecimentos a todo momento, chegando a trazer o passado de volta e o qual turva nossa visão do presente sobrepujando todas as boas coisas que temos no agora. Assim nos transformamos em pessoas amargas e cheias de ressentimentos, que não nos acrescenta nada de bom. Nos afastamos das pessoas queridas e da felicidade, pois nada consegue ser tão forte e tão vivo quanto a magoa.
Nos acorrentamos firmemente nestes sentimentos negativos e não conseguimos achar a chave do cadeado para nos libertar.
Sem perceber, regamos dia após dia aquela sementinha de rancor, que cresce e se torna forte, transformando-se em uma erva daninha de raízes profundas, que conhecemos como tumor. Mas afinal, a quem podemos atribuir a responsabilidade à não ser a nos mesmos, pois a semente não foi plantada por mais ninguém, ela simplesmente nasceu de nossos próprios pensamentos e sentimentos, consumindo toda nossa energia.
E depois de tudo isso, nos perguntamos porque eu?
Talvez a resposta seja muito mais simples do que pensávamos.
Porque não perdoamos o outro realmente e principalmente a nos mesmos.

Ser........humano

É curioso como nos portamos em determinadas situações, chegando às vezes ate a nos surpreender. Quem é que pode justificar ou explicar alguns atos que tomamos? Ou ate mesmo julgá-los como certo e errado?
Muitas vezes seguimos nosso coração e deixamos a razão de lado e nestes momentos ate nos sentimos bem. Porém, a razão acaba chegando um pouco mais tarde e ai vem à confusão. Provavelmente deve-se ao tempo que temos para refletir, nos levando então ao questionamento dos porquês... e nos atormentamos insistentemente com os sentimentos que ate então não haviam aflorado, nos culpando e nos envenenando continuamente como um inimigo implacável, que sem tréguas nos testa a resistência. Temos a escolha de lutar contra ele ou deixar que nos subjugue. A batalha é dura e exaustiva.
Penso que devemos enfrentá-la, pois assim, um dia de cada vez, torna-se possível vencer e nos fortalecer e tentamos nos transformar em seres humanos melhores, mais compreensivos e tolerantes com os sentimentos humanos. Sentimentos estes, tão contraditórios.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Quem é você???

Quando se olha no espelho, quem realmente você vê? Não estou falando de aparência física, mas de quem habita este corpo. Daquela pessoa que constantemente lhe sussurra em várias situações diferentes e de quem se comporta diferentemente em determinados ambientes.
Quem é que toma suas decisões, importantes ou não?
Quem é que escolhe? Quem foge ou quem enfrenta as dificuldades?
Quem é que julga as outras pessoas?
Quem é que perdoa seus semelhantes ou mesmo a si?
De quem você se esconde?
Quando sente medo, raiva, alegria, tristeza, prazer ou amor, quem é que está lá?
São muitas as pessoas que moram em você?
Se você sabe todas as respostas, então com certeza sabe quem é. É uma pessoa única e singular.
Eu ainda não sei, pois tenho em mim muitas pessoas diferentes, agindo de modos aleatórios que não consigo domar, apesar de todas terem a mesma essência. Quero crer que com o tempo e muita dedicação consiga tornar todas elas uma só.... EU.

domingo, 1 de abril de 2007

Em suas mãos.

Quantas vezes pensei que a vida era uma sucessão de dias e que tudo era automaticamente resolvido. Ledo engano. Ao contrário do que achava, as coisas não funcionam bem assim. É apenas um dia de cada vez, um minuto de cada vez. O agora é o agora e o ontem já se foi, assim como o futuro não existe de fato.
Quero neste momento viver com as ferramentas que possuo agora, da melhor forma possível e com toda a intensidade. Não desejo nada que não tenha e não lamento o que perdi. Tudo se vai da mesma forma que vem, então porque não agirmos desta mesma forma, acreditando que o que temos neste momento é o que precisamos para viver?
Você pode pensar: Quero um carro mais novo.... Quero ser mais amado... Quero mais dinheiro... Quero um emprego melhor...etc...
Então faça...
Use o que tem agora e tome o poder para si, vislumbre as coisas por outro prisma, escolha ser feliz. Seja livre.... Mas lembre-se que a liberdade não é a ausência de compromissos, é pura e simplesmente a dádiva da escolha.
Nossa missão neste mundo é ser feliz, é fazer com que nossas vidas valham a pena. É acreditar em nossa própria força interior e nos sentirmos incrivelmente VIVOS...

A dor de cada um.

De repente numa fração de segundos, o mundo a minha volta escureceu, todas as luzes se apagaram, as estrelas sumiram e o chão sob meus pés rui. Não sei mais onde estou, não enxergo nada, ouço vozes que chamam meu nome, mas não consigo responder, não vejo ninguém, não sinto nada além do medo. Por um tempo, longo demais, permaneço parada, banhando-me abundantemente com minhas próprias lágrimas e tenho medo de afogar nelas.
Aos poucos começo a movimentar algumas partes de meu corpo, mas a dor é demasiado grande. Consigo abrir meus olhos, que inundados de lágrimas, turvam minha visão e com dificuldade vejo as pessoas se aproximando de mim com os braços estendidos. Sinto aqueles braços em volta de meu corpo, ouço aquelas palavras carinhosas, mas não sei quem são estas pessoas. Para mim são estranhos que insistem em fazer uma brincadeira macabra e sem sentido. Não quero saber, não quero ouvir, não quero sentir e não quero mais existir.
Agora não sei mais quem sou, tenho medo do escuro e do claro, nada mais tenho, além disso.
Hoje vejo o sol nascer e se por, sem ao menos me importar com seu movimento. Pergunto-me porque todas as pessoas continuam a andar, trabalhar, respirar, sorrir e falar se o mundo para mim parou. Nada mais tem sentido, nada mais tem cor, nada mais tem perfume ou sabor.
Incrivelmente, o que tenho agora é o ontem, quando pela última vez ouvi sua voz. Tudo para mim é o passado, que guardo como um tesouro de inestimável valor.


P.S.: Este texto é dedicado a duas pessoas que me são muito queridas, minhas cunhadas, amigas e irmãs. Amo vocês.

Eu, você e o Futuro....

Quando você nasceu, tão pequena, mas ao mesmo tempo tão assustadoramente viva, olhei para seu rostinho enrugado e me emocionei tanto que até senti medo. Tive um medo profundo de te apresentar ao mundo, este lugar tão inseguro, assim como eu o via. Também tive medo de falhar, de não ser capaz de te proteger, de não corresponder às suas expectativas. A única coisa concreta que tinha para lhe dar era o meu amor. Esse amor intenso e inexplicável que brotou instantaneamente no momento que você chegou aos meus braços. Você e eu, seres tão frágeis descobrindo uma à outra, se conhecendo e se sentindo.Como é que eu, que ainda era filha, pude me tornar mãe?Como se faz para ser mãe?Como poderia eu, ser responsável por sua vida?Como, se nem ao menos sabia viver a minha própria?Como eu saberia o que você queria, se você não me falava? Você só chorava.... e eu também...Mas o tempo foi passando e o amor, com sua imensa sabedoria, me mostrou os " comos " e me deu algumas respostas.Hoje, passados onze anos, ainda cultivo alguns medos e inseguranças a seu respeito. Porém, aprendi que juntas e com muito amor, derrubaremos as barreiras e enfrentaremos as dificuldades que porventura surgirem. Sei que não sou mais sábia que você, apenas mais velha, por isso te peço que siga comigo o caminho da vida, que se encarregará de nos guiar e nos auxiliar no que for preciso.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Não perca a fé.

Firmino, um homem de estatura baixa, um pouco calvo e já lá pelos seus 70 anos, caminha em passos lentos até a banca de jornal.
- Bom Dia Mané - cumprimenta com um sorrizo, o jornaleiro.
- Bom Dia Seu Firmino - responde o rapaz, também sorrindo - E como vai a patroa?
- Vai se indo, sabe como é na nossa idade, temos altos e baixos, mas tá tudo em ordem - informa, pegando seu jornal e tirando os trocados do bolso para pagar.
- Até amanhã Mané - despede-se e atravessa a rua em direção a praça onde senta-se todos os dias para sua leitura.
A manchete desse dia é sobre uma catástrofe ocorrida em um país distante, causada pela grande quantidade de chuvas. Na página seguinte, o assunto é a corrupção dentro do plenário e mais abaixo, fala-se sobre um novo golpe aplicado pelos ladrões, de dentro das prisões.
Ele passa para o caderno de economia e se choca com a notícia de que o governo autorizou os laboratórios a reajustarem os preços de seus medicamentos. Desanimado com tanta notícia ruim, tenta a sessão de esportes, afinal tem que haver alguma coisa boa para se ler.
Constatando que seu time está entre os últimos do campeonato e correndo o risco de rebaixamento, desiste da leitura, amassa o jornal e o joga no lixo.
Volta caminhando para sua casa, de cabeça baixa pensando em todas as coisas tristes que acabou de ler. Lá chegando, abre a porta da sala e ouve o som do riso que lhe é tão familiar. Dirigi-se até a cozinha e vislumbra sua querida esposa sentada próxima a porta de acesso ao quintal, segurando uma boneca vestida com roupas extravagantes e logo a frente, sua neta de 8 anos que tenta pentear os cabelos embaraçados da boneca. Ambas riem gostosamente de alguma coisa dita não se sabe por qual delas.
Neste momento seu coração se alegra e lhe vem o pensamento: " O mundo na certa não é um lugar fácil de se viver, cheio de incertezas, inseguranças, lugares sombrios, preocupações e violência, mas contudo, e isso é o mais importante, ainda existe amor. E nesta casa ele é abundante, pois aqui temos vida, risos e esperança..."

Cada um com seus problemas...

Entro no elevador e aperto o botão do andar, digo à todos:
- Bom Dia....
- Bom Dia - respondem alguns enquanto outros apenas acenam com a cabeça.
Logo atrás de mim, uma senhora aparentando uns 60 anos e com cara de poucos amigos, fala sem se dirigir a ninguém:
- Nunca engoli tanto sapo na minha vida....
Todos voltam os olhares para ela, meio surpresos, mas a única que arrisca um comentário sou eu:
- A vida é assim mesmo, as vezes temos que engolir uns sapinhos....
Porém, a senhora nem mesmo nota minha presença e continua seu monólogo:
- Quem eles pensam que sou? Acham que vão mandar na minha vida pra sempre? Deixa estar...
Neste momento houve uma troca de olhares entre os demais passageiros, umas risadinhas e algumas sobrancelhas levantadas. E a senhora impassível:
- Um dia vou embora, pego todas as minhas coisas e sumo por esse mundo, sem dar notícias. Aí eles vão sentir na pele...

Chego ao meu andar, saio do elevador e me despeço com um " Até logo" meio sem graça, a porta se fecha e sigo em direção à sala 115, onde passarei em consulta com um Grastro, pois ironicamente, preciso tratar das indigestões causadas pelos meus próprios sapos engolidos.

O queijo e Eu...

Abro a minúscula geladeira, da minúscula cozinha de deu minúsculo apartamento. Olho para o solitário pedaço de queijo, que descansa desajeitadamente sobre um pequeno prato de sobremesa e penso que já é hora de joga-lo no lixo, pois ele está lá por tempo demais, tanto que foi tomado por uma camada branca de fungos. Mas de alguma forma não consigo imaginar me desfazendo dele, não sei mas ele me lembra a mim mesma, que de tanto esperar alguma coisa, fiquei cheia de fungos brancos... Eles se apoderaram de mim e me revelaram a força devastadora do tempo, tão cruel e irreversível.
Fico tão hipnotizada com a imagem daquele queijo que me mantenho horas, com a porta da geladeira aberta, contemplando a ação da inércia. Que coisa bela e forte é a falta de movimento, quando todas as outras coisas do mundo se aproveitam oportunamente desta situação. Pois apesar do queijo estar inerte, os fungos estão se movimentando e seguindo adiante em suas tarefas diárias.
Bem, sinto que é hora de quebrar o encanto e fechar a porta da geladeira, sem é claro, jogar o meu querido queijo na lata do lixo.
Vou para meu quarto e me deito em minha cama desarrumada, com os pensamentos voltados para o inevitável prazo de validade de todos nós, seres humanos e laticínios...