Ela caminhava a passos lentos, no rosto um leve sorriso despreocupado, sentia as pequenas ondas quebrando-se em seus tornozelos, levava nas mãos, apenas um par de sandálias, que havia tirado quando pisou na areia branca.
Era final de tarde e o Sol se punha majestosamente, no horizonte distante. Ela contemplou aquele maravilhoso espetáculo da natureza e pensou consigo, quanta beleza existia nesse mundo e ela não havia percebido por todo esse tempo.
Podia sentir o calor dos últimos e derradeiros raios daquele sol, sentia o perfume do mar, a carícia das ondas, a maciez da areia e a brisa em seu rosto, como um delicado afago de mãos macias e sedosas, que tocava seu rosto e seus lábios delicadamente, descia por seu colo, peito, abdômen e pernas, como as mãos de um amante dedicado e paciente. Seu vestido de tecido leve, tremulava como velas de um barco a mercê do vento.
Todos os seus sentidos estavam aguçados e despertos, como a muito tempo não acontecia. Uma paz interior tomou conta de seu coração e alma, sentia-se flutuar ao som da música do mar. Jogou as sandálias para longe, levantou os braços ao alto e se entregou totalmente àquele momento mágico.
Podia ouvir, bem ao longe, as vozes de seus filhos lhe chamando, mas não se voltou na direção deles, continuou de frente para o mar. Eles poderiam esperar.
Afinal, ela mesma esperou muito tempo por este momento, esta paz e felicidade.
Tudo que havia acontecido em sua vida, afastando-a daquelas sensações maravilhosas, estavam indo embora levados pelo vento, para bem longe, num lugar onde ela jamais estaria de novo.
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