segunda-feira, 19 de março de 2007

Não perca a fé.

Firmino, um homem de estatura baixa, um pouco calvo e já lá pelos seus 70 anos, caminha em passos lentos até a banca de jornal.
- Bom Dia Mané - cumprimenta com um sorrizo, o jornaleiro.
- Bom Dia Seu Firmino - responde o rapaz, também sorrindo - E como vai a patroa?
- Vai se indo, sabe como é na nossa idade, temos altos e baixos, mas tá tudo em ordem - informa, pegando seu jornal e tirando os trocados do bolso para pagar.
- Até amanhã Mané - despede-se e atravessa a rua em direção a praça onde senta-se todos os dias para sua leitura.
A manchete desse dia é sobre uma catástrofe ocorrida em um país distante, causada pela grande quantidade de chuvas. Na página seguinte, o assunto é a corrupção dentro do plenário e mais abaixo, fala-se sobre um novo golpe aplicado pelos ladrões, de dentro das prisões.
Ele passa para o caderno de economia e se choca com a notícia de que o governo autorizou os laboratórios a reajustarem os preços de seus medicamentos. Desanimado com tanta notícia ruim, tenta a sessão de esportes, afinal tem que haver alguma coisa boa para se ler.
Constatando que seu time está entre os últimos do campeonato e correndo o risco de rebaixamento, desiste da leitura, amassa o jornal e o joga no lixo.
Volta caminhando para sua casa, de cabeça baixa pensando em todas as coisas tristes que acabou de ler. Lá chegando, abre a porta da sala e ouve o som do riso que lhe é tão familiar. Dirigi-se até a cozinha e vislumbra sua querida esposa sentada próxima a porta de acesso ao quintal, segurando uma boneca vestida com roupas extravagantes e logo a frente, sua neta de 8 anos que tenta pentear os cabelos embaraçados da boneca. Ambas riem gostosamente de alguma coisa dita não se sabe por qual delas.
Neste momento seu coração se alegra e lhe vem o pensamento: " O mundo na certa não é um lugar fácil de se viver, cheio de incertezas, inseguranças, lugares sombrios, preocupações e violência, mas contudo, e isso é o mais importante, ainda existe amor. E nesta casa ele é abundante, pois aqui temos vida, risos e esperança..."

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