domingo, 1 de abril de 2007

A dor de cada um.

De repente numa fração de segundos, o mundo a minha volta escureceu, todas as luzes se apagaram, as estrelas sumiram e o chão sob meus pés rui. Não sei mais onde estou, não enxergo nada, ouço vozes que chamam meu nome, mas não consigo responder, não vejo ninguém, não sinto nada além do medo. Por um tempo, longo demais, permaneço parada, banhando-me abundantemente com minhas próprias lágrimas e tenho medo de afogar nelas.
Aos poucos começo a movimentar algumas partes de meu corpo, mas a dor é demasiado grande. Consigo abrir meus olhos, que inundados de lágrimas, turvam minha visão e com dificuldade vejo as pessoas se aproximando de mim com os braços estendidos. Sinto aqueles braços em volta de meu corpo, ouço aquelas palavras carinhosas, mas não sei quem são estas pessoas. Para mim são estranhos que insistem em fazer uma brincadeira macabra e sem sentido. Não quero saber, não quero ouvir, não quero sentir e não quero mais existir.
Agora não sei mais quem sou, tenho medo do escuro e do claro, nada mais tenho, além disso.
Hoje vejo o sol nascer e se por, sem ao menos me importar com seu movimento. Pergunto-me porque todas as pessoas continuam a andar, trabalhar, respirar, sorrir e falar se o mundo para mim parou. Nada mais tem sentido, nada mais tem cor, nada mais tem perfume ou sabor.
Incrivelmente, o que tenho agora é o ontem, quando pela última vez ouvi sua voz. Tudo para mim é o passado, que guardo como um tesouro de inestimável valor.


P.S.: Este texto é dedicado a duas pessoas que me são muito queridas, minhas cunhadas, amigas e irmãs. Amo vocês.

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