domingo, 23 de novembro de 2008

Cigana


O sol enviava seus últimos raios de final da tarde.
Nenhum som era mais vibrante que o do farfalhar da saia vermelha.
A música ritmada que saía dos alto-falantes, parecia acompanhar os movimentos de suas pernas, não o contrário. Era como se ela fosse a própria música, ditando os acordes.
As pessoas a sua volta sentiam-se hipnotizados pela dança. Não conseguiam desviar os olhos daquela mulher.
Ela, num tipo de transe, personificava a sensualidade e feminilidade de todas as mulheres. Num momento, insinuava-se, noutro, se recolhia numa timidez pura e ingênua.
Confundia a mente dos homens, e instigava as mulheres a fazerem o mesmo. Era pura paixão e entrega. Era sedução e instinto. Era segredo e recato. Era submissão. Prometia tudo, mas não dava nada. Era toda mistério.
Não havia ninguém, ali, que não a desejasse ou não a invejasse. Ela despertava muitos sentimentos, menos a indiferença.Seu parceiro de dança, o vento, era o único que tinha permissão para tocar seu corpo, e vez ou outra, levar aos apaixonados expectadores, seu perfume de rosas.

domingo, 12 de outubro de 2008

Sou eu quem te procuro, ou é você quem me acha?

(Numa louca e juvenil paixão, onde nada é proibido, levanta-se o véu do futuro amor... Nada sabemos do futuro! Só podemos juntar fragmentos, como num quebra-cabeças, para depois nos agarrar ao que sobrou das peças.)
O passado, às vezes, veste roupas solenes e cheias de significados. Empenha-se em se tornar bem apessoado e apresentável. Usa seu melhor perfume, marcante e inconfundível.
É assim que ele vem a mim. Vivo.
Quando isso acontece, sinto uma leve torção no estomago. Falta-me o ar e meus sentidos se embaralham. Quase posso tocar as imagens que minha mente projeta. Tudo se apresenta tão real que é como voltar no tempo.
Então, numa súbita e esmagadora saudade, me pergunto: Onde anda você?
E me recordo de cada palavra dita (mesmo depois de tantos anos), de sorrisos trocados, da sensação de sua boca faminta, de seu abraço urgente e do seu cheiro.
Ah... O seu cheiro singular. Um misto de perfume masculino com fumaça de cigarro, tudo bem incorporado ao seu próprio perfume. Simplesmente arrasador.
Onde anda você?
... onde anda este corpo, que me deixou louca de tanto prazer....
A lembrança de seu jeito de me dizer as coisas, mesmo as mais duras, para depois me enlaçar e me beijar como se fosse meu dono. Me protegia, me assaltava e me tornava frágil. Me tornava sua. E eu consentia de bom grado.
Eu fui sua. Fui sim...
... e por falar em paixão, em razão de viver, você bem que podia me aparecer...
Onde anda você?
Só quem viveu um grande amor, pode saber para onde as lembranças nos levarão!!!


http://br.youtube.com/watch?v=7bJks1r14yg

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Maturidade



“Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e voltar sempre inteira.”
(Cecília Meireles)

Quantas primaveras são necessárias para compreender, um pouco que seja, esta vida confusa? Já acumulei algumas nesta minha vida, mas ainda me ocupo com a tentativa de decifrar as mensagens deixadas com os anos.
Até hoje, tive longos e rigorosos invernos, onde vivi em reclusão e meditação. Cada um deles com sua parcela de ensinamentos. Cada um com seu significado próprio. E todos com a profunda sensação de que estava me transformando.
Talvez, apenas talvez, eu tenha que viver mais atenta ao outono, que em seu aconchego me traga lições mais amenas. Nada muito profundo, ou cheio de dilemas. Sem muitas filosofias e crises existencialistas.
E assim, com a experiência de tantas estações vividas, possa entregar-me mais ao verão. Este cálido momento da vida.

sábado, 6 de setembro de 2008

Minha busca



Nasci num mundo completamente diferente de mim, cheio de ostentações e desperdícios. Mas eu ainda não sabia. Quando eu era pequena, meus pais me davam tudo o que o dinheiro era capaz de comprar. Meus brinquedos ultrapassavam os limites da necessidade, vinham de todos os lugares do mundo, bastava ser algo novo e caro, que preferencialmente, causasse inveja aos outros pais. Até hoje não sei se cheguei a brincar com todos.
Minha infância foi regada a grandes festas de aniversário, onde as pessoas que as freqüentavam, não passavam de rostos afetados e sem graça para mim. Até mesmo com as crianças, eu não conseguia me relacionar, pois eram cópias perfeitas daqueles adultos. Assim, tão logo me visse livre, fugia para meu quarto e me excluía de minha própria festa.
Por ser assim, meus pais acreditavam que eu tinha algum tipo de problema, e viviam me levando a médicos e terapeutas. Mas ouviam sempre a mesma resposta:
- Ela é uma criança normal, com saúde perfeita e apenas um pouco tímida.
E minha mãe, inconformada com a postura recatada e simplista de “sua princesa”, decidiu que eu freqüentaria aulas de ballet com as filhas de suas amigas.
Eu gostava tanto daquilo quanto um prato de sopa de aspargos, sem graça e nenhum atrativo. Mas continuei com as aulas, para não contrariar mamãe.
Com o passar do tempo, percebi que toda aquela opulência em que vivia, não passava de ilusão, não me fazia feliz e nem me agregava nada. Ao contrário, sentia-me sufocada e rodeada de hipocrisias. Tornei-me um pária daquela sociedade fútil, enquanto minhas colegas de colégio só se preocupavam com rapazes, roupas de marca, sapatos de grife e qual seria a próxima festa, eu me afundava nos estudos e absorvia tudo que fosse possível. Devorava livros sobre a cultura de diversos países e das histórias de pessoas extraordinárias que haviam feito diferença neste mundo, muitas vezes apenas com palavras, atos corajosos e determinação inabalável.
Quando ingressei na Universidade, resolvi mudar o rumo de minha vida. Mudei-me para outra Cidade, recusando-me a estudar qualquer que fosse a área escolhida por meu pai. Graduei-me em Sociologia e senti que poderia me tornar igual àquelas pessoas que tanto admirava, as quais havia lido a respeito, e assim, mudando o mundo de alguma forma.
Engajei-me em causas sociais, trabalhei voluntariamente em diversas entidades, vivia tentando ajudar, de algum jeito, a melhorar a situação das pessoas menos privilegiadas. Então, resolvi que o dinheiro de meus pais serviria para algo melhor do que comprar coisas luxuosas e dispendiosas, comecei a contribuir não só com meu trabalho, mas também financeiramente para as entidades. Porém, num dado momento, percebi que grande parte do dinheiro doado, acabava seguindo para outras mãos e sobrava muito pouco para os fins a que era destinado, e as dificuldades iam se perpetuando.
Assim, mais uma vez mudei o rumo de minha vida. Cansada da hipocrisia e ganância das pessoas, fiz minhas malas e parti numa viagem sem data de retorno.
Passei anos rodando o mundo pelos continentes, sem nunca mais me comprometer com nenhuma entidade, Ong, ou o que quer que fosse. Fazia trabalhos alternativos apenas para me sustentar e não mantinha residência fixa. Conheci muita gente diferente, presenciei muitos acontecimentos, vi todos os tipos de lugares, mas continuava desiludida com o mundo e com o ser humano em geral.
Um dia, em um albergue na Alemanha, conheci Fred, um biólogo freelancer que trabalhava para uma importante revista, e assim como eu, vivia em todos os lugares e em lugar nenhum. Tornamo-nos amigos imediatamente, pois tínhamos muito em comum, e inevitavelmente a amizade acabou se transformando em amor. Continuamos a viajar por vários lugares, até que resolvemos tirar umas “férias convencionais”. Depois de muita discussão e dentre inúmeras opções, escolhemos a Indonésia, lugar exótico e de belezas naturais infinitas.
Ficamos em um chalé à beira-mar, com um visual maravilhoso e privilegiado. Era Natal, o local fervilhava de turistas e havia festas por todos os lados. A promessa de que o Revellion seria fantástico, nos empolgou e aderimos ao clima festivo do local. Aparentemente, eu havia encontrado minha paz interior.
Porém, o destino se encarregou de me mostrar o verdadeiro motivo pelo qual eu deveria estar lá.
No dia 26 de Dezembro de 2004, uma seqüência de ondas gigantes engoliu a Cidade em poucos minutos, o Tsumani havia chegado e devastado tudo que se punha a sua frente.
Por um golpe de sorte, ou talvez pela mão de Deus, consegui me salvar ilesa. Mas infelizmente não aconteceu o mesmo com Fred. Contudo, com muita luta e superando minha própria dor, milagrosamente fui capaz de salvar a vida de 35 pessoas.
Até hoje mantenho estas mesmas pessoas, que perderam seus lares e alguns de seus familiares, em um abrigo que construímos com o auxílio de outros e ajuda financeira de sociedades privadas, Ongs, entidades humanitárias, inclusive das empresas de meus pais.
Atualmente, o abrigo conta com mais de 120 pessoas, que num trabalho comunitário, continuamos a ajudar outras vítimas da tragédia. Vivemos um dia de cada vez, vencendo uma batalha de cada vez.
Enfim, depois de todo o horror que presenciei, onde inúmeras pessoas perderam tanto, eu ironicamente ganhei um presente inestimável. Encontrei meu lugar no mundo e voltei a acreditar que poderia fazer a diferença na vida de algumas pessoas. Resgatei minha fé e meu amor incondicional, pelo mundo e pelo ser humano.
A vida tem maneiras estranhas, e as vezes cruel, de revelar quem realmente somos, de nos mostrar por que nascemos e nos colocar no caminho que sempre desejamos, mesmo que este caminho tenha permanecido muito tempo, oculto para nossos olhos.


Indonésia, Março de 2005.



terça-feira, 26 de agosto de 2008

É preciso...

A esta altura da vida percebo que nada é fácil - não da forma como achei que fosse. Tudo exige esforço, dedicação e treino. Seja o que for.
Se estamos dispostos a mudar interiormente, não será de modo diferente.
De nossa parte, tem que existir comprometimento, trabalho duro e persistência. Temos que nos empenhar nessa tarefa.
Não mudamos da noite para o dia, num passe de mágica, num piscar de olhos.
É preciso dedicação e vontade firme de mudar.
É preciso abandonar velhos pensamentos e buscar novidades.
É preciso desatar os antigos nós, se livrar das velhas amarras e sentir-se livre para um novo caminho.
É preciso ser maleável, jogar a inflexibilidade no lixo para transformar nossa mente em algo elástico.
É preciso descartar velhas crenças e acolher novas idéias.
É preciso se livrar do medo para se arriscar e tentar o novo.
Não há outra forma de mudar.
Não há outra forma de se transformar.
Não há outra forma de aprender.

http://br.youtube.com/watch?v=xfq_A8nXMsQ

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Shakespeare



Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...

Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...

E ter paciência para que a vida faça o resto...

(W.S.)

http://br.youtube.com/watch?v=JFWPeVfWB9o

sábado, 9 de agosto de 2008

Ao meu pai.


Ultimamente, venho cada vez mais buscando coisas do passado para reviver.
Navego no YoTtube a procura de lembranças imortalizadas por personagens tão imortais quanto suas obras. É pura diversão.
Outro dia, e não foi um simples dia, achei um capítulo do seriado “Ciranda Cirandinha”, que a Globo exibiu nos anos setenta. Tenho que confessar, sem nenhuma vergonha, que chorei feito criança.
O “achado”, por assim dizer, referia-se ao capítulo: Toma que o filho é teu. E, creio eu, que este capítulo ficou na memória de muitas pessoas. Foi exatamente nele que nosso querido Fábio Jr lançou a música Pai.
Esta música, para mim, tem grande apelação emocional. Pois, meu pai, grande figura, fez parte importantíssima em minha vida.
Hoje, ele não está mais conosco, pelo menos no plano terrestre. Mas, sem dúvida alguma, ele me olha lá de cima. Me orienta, me instrui e me dá o sentido e o significado da vida.
Só posso dizer, sem me sentir ultrapassada, que meu passado anda de mãos dadas com meu futuro. Sim, tenho absoluta certeza disso!
Não sou, e nem seria, o que sou hoje sem os ensinamentos e exemplos de um ser humano tão simples, tão sólido, tão fácil de se interpretar e tão humanamente cheio de falhas, quanto àquele que me criou.
Não sei o que alguns pais podem ter feito aos filhos, sei que o meu, em sua simplicidade interiorana, me deu o que melhor poderia dar.
Pai: Você me deu o amor! Você me deu o respeito! Você me deu o discernimento! Você me deu a atitude!
E acima de tudo: Você me deu o caminho!!!
”... que hoje, eu sigo em paz...”

Pai, eu te amo. Sempre amarei.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sem palavras


Existem coisas que não necessitam de palavras. Precisam ser vistas e atentamente analisadas por nós. Nós que somos simples expectadores.

http://br.youtube.com/watch?v=5T3FXFnoTzE

sexta-feira, 25 de julho de 2008

De volta pra casa

Cá estou, frente ao espelho que reflete um rosto desconhecido. Mudei, talvez irremediavelmente. Uma mudança profunda e necessária, dessas que a vida impõe por razões inexplicáveis, mas, absolutamente importantes.
Tento me descrever, sem muito sucesso, pois nada mais é igual ou parecido. É um novo ar, uma potente rajada de vento, um colorido diferente e uma luz mais brilhante. Meu lugar não é mais comum, é singular e incomparável, cheio de novos sentidos e visões aguçadas. Os sabores mudaram. As texturas são mais macias e aconchegantes. É tudo muito confortável.
Sinto-me como um cego, que aprendeu a desenvolver seus outros sentidos em função da necessidade de prosseguir. As cores são mais intensas, os sabores mais marcantes, os perfumes mais agradáveis, o toque mais suave e as músicas mais melodiosas.
Deixei as coisas amargas no passado, onde devem permanecer, e lambuzei meus dias com mel, para torná-los mais doces e atrativos. Perfumei minha vida, enfeitei-a com flores.
Comprei uma casa para sair da prisão vertical. Esqueci meus temores antigos. Agora, caminho mais e dirijo menos. Enxergo as pessoas com outros olhos. Consigo ouvi-las e entendê-las sem julgamentos. Aprendi a falar.
Hoje atravesso pontes e vales, por mais extensos que sejam, com a certeza de que chegarei ao outro lado. Não tenho tanta pressa. Procuro apreciar o trajeto e viver o momento. Existem muitas belezas no mundo.
Talvez, cada um a seu tempo, tenha que chegar ao momento crucial das mudanças para continuar o caminho de volta ao lar.
http://br.youtube.com/watch?v=fDQnkYwfNfk

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A mulher

É importante ouvir a música de uma mulher.... Só assim é possível senti-la....

http://br.youtube.com/watch?v=WiCc9PokR7Q


Uma mulher madura, assim como uma taça de um bom vinho, tem que ser apreciada. Ela tem sabor e textura únicos. É encorpada na medida certa. Sua coloração rubi é inigualável. E seu sabor é agradável aos paladares mais refinados.
Ela enfrentou as intempéries do tempo. Foi castigada pelo sol, pela chuva e pelos dias mais frios, envelheceu e amadureceu em porões úmidos e escuros, para depois ser degustada com reverência.
Suas uvas, tratadas de maneira adequada por mãos experientes, foram colhidas no tempo certo. E depois, maceradas, fermentadas e testadas.
Ela passou por rigorosa seleção. Foi julgada criteriosamente, as vezes descartada, outras abandonada. Se a sorte lhe sorriu, foi selecionada e engarrafada, para futuramente, dar o prazer de sua companhia àquele que sabe seu valor.
Porém, este longo período de provações, pode custar-lhe a felicidade. E seu precioso líquido pode azedar, não restando nada da originalidade de sua criação. Contudo, isto é muito raro, pois, só aquelas que não se fortaleceram, tendem a desvalorizar-se.

Estou aqui...

Pode procurar. Entre milhões de rostos, caras sem sentido, feições parecidas, sorrisos semelhantes, vozes tão afinadas quanto a minha, e talvez, gargalhadas similares.
Mais nada do que precisa, nada mesmo, será igual ao que posso te dar.
Procure em todos os cantos, todos os bares, todos os botecos. Não vai achar o que procura.
Pois, eu estou exatamente aqui!
Estou onde você não procura. Perto demais. Longe dos outros.
Eu vivo no óbvio! No lugar comum, na próxima esquina, no próximo olhar!
Eu estou aqui! A te esperar!
Não perca tempo. Não perca o rumo, nem mesmo a sensação de que estou perto. Bem próxima a você.
Estou facilmente localizada, neste emaranhado de ruas e avenidas, e tão reluzente. Só pra você!
Preste atenção!
Sou única. Sou sua!
Sou o seu reflexo. Sou o seu querer.
Sou seu desejo mais profundo. Pois, sou o que você sempre procurou!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Viagem

Tenho permissão para voar,
Posso voar dentro dos limites impostos por mim.
Meus limites são vastos,
Tão grandes quanto as planícies que enfeitam este imenso planeta.
É fácil se perder no mundo,
É fácil se encantar com a paisagem,
Difícil é voltar.
Não posso voltar.
Não quero voltar.
Vou viajar, planar e dar vôos rasantes.
Quero, daqui pra frente,
Ver o mundo de outra perspectiva.

Caçador de Mim (Milton Nascimento)

Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz
Eu, caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Longe se vai sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim
Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Tenho Sede (Gilberto Gil)

Traga-me um copo d'água, tenho sede
E essa sede pode me matar
Minha garganta pede um pouco d'água
E os meus olhos pedem teu olhar

A planta pede chuva quando quer brotar
O céu logo escurece quando vai chover
Meu coração só pede o teu amor
Se não me deres posso até morrer

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Reciclagem... Faça sua parte.

Ontem, 05/06, foi o Dia do Meio Ambiente. Muitos não se importaram, ou mesmo nem souberam. Porém, não podemos esquecer que dependemos de nosso planeta.
Vivemos num mundo caótico, assustador, violento e poluído. E disso sabemos.
Mas é muito simples mudarmos esta situação. Se cada um fizer sua parte, mesmo que pequena, estaremos contribuindo para melhorar o nosso mundo.
E mais importante ainda, estaremos contribuindo para um futuro melhor para nossos próprios filhos.
Aí vai um link para informações sobre reciclagem:

www.copam.com.br

Vamos lá.... ajude seu planeta.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Simplicidade

Gosto de sentir a brisa morna do final da tarde, quando o Sol já está se pondo e seus raios iluminam o horizonte com mechas avermelhadas.
Gosto do cheiro da terra molhada, quando num dia muito quente, a chuva começa a cair em grossas gotas e espalha pelo ar o inebriante perfume.
Gosto da aparência das flores, que salpicadas de orvalho, se abrem para mais uma manhã gloriosa de primavera.
Gosto do amanhecer singelo e tímido, quando o Sol ainda fraco e encoberto pela névoa, luta bravamente para se impor e clarear o dia.
Gosto do frio da manhã que enche meu pulmão de ar fresco e limpo, quando as árvores despertam e balançam seus galhos para saudar um novo dia.
Gosto do cheiro de café fresquinho, que lá da cozinha anuncia o começo de mais um dia de trabalho honesto.
Gosto da textura da manteiga fresca, que tirada da geladeira, começa a suar com o calor aconchegante da cozinha.
Gosto do gosto do café na caneca de ágata, do gosto do pão caseiro ainda quentinho, do sabor do queijo fresco com mel e todas as coisas que fazem parte desta vida simples.
Gosto deste aconchego, desta simplicidade sem preço.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Afeto

Triste fim levou aquele sentimento. Acabou perdido entre muitas cartas de amor e de reconciliação. Deixou-se virar apenas uma palavra, que dita assim, sem emoção, não carrega consigo nenhum sentido.
Mas é certo dizer que lutou. Lutou bravamente e com persistência, talvez por tempo demais, mas ainda assim, lutou. Não achava que a batalha seria inglória, nem sequer perdida, só outra forma de levantar a bandeira branca e se render.
Mas a vida, que não é iludida, soube bem o que fazer. Mostrou em cenas, iguais a de um filme muito dramático, a real face daquele amor fadado ao fracasso.
Verdade seja dita: o amor caminha de mãos dadas com o sofrimento. Não se amou de verdade se nunca sofreu. Mesmo que o ser amado tenha negligenciado o sentimento ofertado. Amar não se cobra ingresso. É gratuito e também incontrolável.
Nunca houve regras para o amor. Ama-se simplesmente e incondicionalmente.
Contudo, e por tudo, chega um dado momento em que se escolhe. Depara-se com uma bifurcação. Direita ou esquerda? Não dá para seguir em frente. Não se caminha por sobre o muro, tampouco se senta e espera.
Quando esse momento se apresenta, não há como escapar. Ou morre-se de amor, ou deixa que o amor morra. Não existe nada pior. Inúmeras são as desculpas que inventamos para não prosseguir. Porém, navegar é preciso.
Segue-se em frente, depois de escolhido o fim fatal daquele amor. E, ainda assim, sente-se um enorme apego por todo o tempo vivido em comunhão. É difícil desligar-se e desprender-se de uma vida passada ao lado de alguém. É doloroso deixar para trás as palavras ditas, o conhecimento dos corpos, a identidade do “nós”.
É penoso tentar esquecer os sorrisos, as lágrimas, os trejeitos e tudo mais que compuseram a dupla. Talvez jamais serão esquecidos, somente camuflados e guardados em lugar seguro.
Contudo, a maior dificuldade é deixar o afeto. Mas é vital, pois, caso contrário, não virão os futuros amores. Não será possível um novo relacionamento sem se desvincular do passado. Uma paixão novinha em folha , precisa começar sem travas nem vestes antigas.
É preciso despir-se para vestir uma roupa nova. É preciso encontrar nesta roupa, o carinho e afeto que são só dela.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Pra você ser mais feliz.

“Ainda é cedo amor, mal começastes a conhecer a vida... já anuncias a hora de partida....” (O Mundo é um moinho – Cartola)


Quisera eu poder te mostrar. Quisera eu poder sofrer em teu lugar. Quisera eu protege-la de teus erros.

Mas não posso. Aliás, nem devo.

Sou apenas tua mãe. Sou aquela, que nos piores momentos, poderá apenas dar-te um abraço de consolo. Sou eu, que com dor no coração, secarei com minhas mãos as tuas lágrimas. Sou a única que sofrerei contigo e por ti, pelo resto de tua vida.

A vida, em sua infinita sabedoria, não me fez tua mãe, mas sim, a você de minha filha. Pois, mais importante que ser mãe, é te-la como companheira de viagem. Não acho que seja uma glória a maternidade. Acredito que a glória venha da própria vida e do amor que se cultiva nessa caminhada.

Não importa quem é você, tampouco quem sou eu. Nas leis do Universo, somos iguais e compatíveis. Somos indivíduos convivendo no mesmo espaço, que tem como compatibilidade, apenas e tão somente, o amor.

Por isso, é um grande prazer conhece-la.

Quero você feliz, em paz e aberta ao amor. Pois só assim, você viverá mais feliz!

As coisas são assim...

Dentre os muitos defeitos que tenho o que mais me incomoda, certamente, é a insegurança. Não em todos os sentidos de minha vida, mas principalmente no campo emocional. Tenho medo do desconhecido, daquela sensação de incerteza. E isto acaba sendo um grande paradoxo.
No amor, assim como na paixão, não existem certezas. Ninguém sabe o acontecerá ou o que virá. É impossível prever o futuro de uma relação.
Embora eu saiba que é exatamente aí que mora o tempero essencial, me assusto e me retraio. Por vezes deixo de viver algo muito bom, perdendo coisas maravilhosas.
Penso que a teoria é muito mais simples e fácil que a prática. Pois, se escolhesse a prática, inevitavelmente me colocaria na linha de frente.
Contudo, teria mais experiências agradáveis do que apenas imaginar como seria. Viver escondida num baú, ou atrás de portas de armários, em barreiras intransponíveis para poder me preservar, nunca me trará nada além, é claro, de que possíveis romances e vagas idéias do amor.
Infelizmente, não existe nenhum poema nisto. O que realmente há, mesmo que me doa reconhecer, é uma tremenda covardia. Um medo irracional de viver e de experimentar emoções diferentes.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Carta de amor.

Eu te escrevi uma longa carta de reconciliação. Abusei do Português, gastei meu perfume caro em papel barato. Usei de todos os recursos para lhe convencer que podia dar certo.
Você não respondeu. Nem uma única linha, nem um telefonema, ou um simples recadinho.
Não me dei por vencido. Escrevi outra. Desta vez em papel caro, com perfume importado e caligrafia caprichada. Enviei com ela, um botão de rosa vermelha. Só para saber, depois, que você havia partido deste mundo.
Recebi a notícia há pouco. Um parente seu me respondeu por carta. Junto dela, vieram as duas que eu havia escrito. E assim, subtamente, fiquei sem saber o que fazer.
Então, resolvi continuar te escrevendo. Talvez, de alguma forma, você consiga receber o recado pelo astral.
Em primeiro lugar:
Porque você fez isto comigo? Como é que você morre assim tão jovem, tão cheia de alegria e vontade de viver? Tem idéia de como me sinto?
Que droga. Tínhamos tanto a falar, um ao outro. Tanto carinho a trocar, dias de prazer e felicidade juntos.
Isso é bem do seu feitio. Ir embora de repente, sem aviso prévio, sem se despedir ou se justificar. E eu, idiota como sempre, ficarei para trás. Imaginando como seria nosso futuro, se teríamos filhos, se compraríamos uma casa de praia, se arranjaríamos um cachorro grande e barulhento.
Agora estou aqui, preso nesta sensação de impotência. Brigando com você sem ao menos saber se me ouvirá. Aliás, como sempre. Foi você que sempre me ignorou. Sempre me deixou. Sempre deu a última palavra. E desta vez, literalmente e definitivamente.
Sabe, estou furioso. Triste também, mas acima de tudo, furioso.
Tomara que você saiba o que estou sentindo. Só para me dar algum conforto.
Entretanto, tomara que saiba, também, que te amo muito. Sempre amei e amarei até o fim. Ainda que tenha me abandonado desta forma irracional e intempestiva.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O mundo anda tão complicado...

Estou cansada. Viver numa cidade como esta, é sobreviver. E sobreviver não traz nenhum prazer.
Percebo que as pessoas não se reconhecem mais como seres humanos. Não estão mais ligadas pela igualdade fraternal. Não possuem mais amor uns pelos outros.
Onde foram parar os bons sentimentos?
Não vejo mais pessoas pacientes, generosas, educadas e de boa vontade. Tais virtudes saíram de moda. O que prevalece é puro egoísmo. Cada um por si e que se danem os outros.
É praticamente impossível receber uma gentileza. Ninguém mais pede licença, agradece ou sorri para quem não conhece.
Nas ruas, onde o transito é uma loucura, toda essa gente, em seus carros, dirigem e agem como se estivessem numa disputa por suas próprias vidas. Mais parece uma guerra. Travam uma batalha sem sentido, e essa luta inglória só os transforma em seres humanos duros e cheios de ódio. Usam seus carros como se fossem tanques de guerra.
Andar pelas calçadas tornou-se algo inseguro e desagradável. As caminhadas que antes davam tanto prazer, hoje são feitas por pura obrigação. Todos têm medo e vivem apavorados. Notam-se olhares desconfiados por todos os lados. Afinal, não sabemos quem são os outros pedestres. A qualquer momento uma arma pode ser disparada e alguém perder a vida.
Esse clima de terror, afeta tão profundamente as pessoas, que raramente vemos um sorriso.
Por onde anda a cordialidade? O bom humor? A esperança?
Necessitamos de coisas boas e simples, como um Bom Dia, Boa Tarde, Como vai... etc...
Precisamos urgentemente de paz. Temos que exercitar nossa compaixão seja pelo próximo ou por nós mesmos.
O mundo precisa de amor. Amor descomplicado e genuíno.
Só assim recuperaremos a alegria de viver em comunidade.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Como dizia meu pai...

— Meu filho, tudo que é bem feito se faz com os dedos, não com as mãos.

Tenho tido ocasião ao longo da vida de observar como é procedente este seu ensinamento. A mão é grossa, pesada, insensível. Se não fossem os dedos de nada serviria, a não ser para dar bofetadas. Os dedos são refinados, sensitivos, e a eles devemos tudo o que é bem feito e acabado: do mais requintado trabalho manual às mais complicadas operações, da mais fina sensação do tacto à mais terna das carícias.

(Texto extraído do livro: A volta por cima - de Fernando Sabino)

Dedico este trecho à meu querido pai. Que possuía infinita sabedoria diante de tão pouca instrução. Sua maior e mais rica escola... foi a própria vida.

O charme paulistano.

Há quem diga que paulista não tem charme. Paulista não tem carisma, simpatia ou até beleza. P-e-r-a-í meu irmão.... Tem sim... E muito. Tá legal... Meu?
Paulista não tem a mesma jinga de seu colega de cima. Não o mineiro, pois mineiro não tem ginja, tem é esperteza. O cara lá de cima, aquele que vive de frente para o mar. Nossos colegas de porrrta, aqueles que jamais darão o braço a torcer, sabem bem disso. Paulista é bom no samba, sabe dar seus passinhos, suas requebradas. Sabe até cantar uma mulher.
Paulista é malandro sim. Só que um malandro engravatado e com hora marcada. Ele divide seu tempo entre o trabalho, o happy-hour e a sacanagem. São coisas distintas para nós. Algumas vezes até misturamos, mas com a planilha do Excel aberta para não confundir as estações.
Nós também vamos à praia. Com menos freqüência é claro. Mas vamos e sabemos até pegar onda, tomar uma breja e azarar umas (para os homens) garotas. E pasmem... Até ficamos bronzeados. Não se esqueçam: o Sol é igual para todos.
A maior diferença entre os oponentes é o stress. Um nem sabe o que é. O outro tem tanto que é obrigado a se medicar. Mas fazer o que? Alguém tem que trabalhar neste país.
Entretanto, este charme é um pouco oculto. Não gostamos de ser escancarados. Deixamos para mostrar este trunfo quando nos é conveniente. (O problema é que nossos arqui-rivais são encantadores em tempo integral.)
Mas deixando de lado a disputa bairrista, geograficamente falando, o brasileiro em geral, seja paulista, carioca, mineiro, baiano, etc.., é charmoso por natureza. Mas que beleza!

Infelizes aqueles que não tiveram a sorte de nascer em sólo fértil e mãe gentil. Nossa pátria amada: Brasil!

Revelação em dois tempos...

Não, não. Não estou falando de revelar fotografias. Não estou me referindo a uma grande promoção de revelações de filmes. Tampouco estou determinando o tempo de uma revelação.
O negócio é o seguinte: Quero revelar a mim mesma. É isso mesmo, me revelar! Até mesmo me “descortinar”. (Acho bem legal essa palavra).
Sim, é exatamente o que desejo. E porque não? Sou dona de minhas faculdades mentais. Mesmo que alguns possam duvidar disso. Além de dona, sou também bastante senil. Tenho razão e emoção. Embora nem sempre as duas caminhem juntas. (Na verdade quase nunca).
Bem, se vou me revelar é melhor começar logo e não ficar nesta embromação.
Primeiro tempo:
Sou uma mulher de quarenta anos. E muito feliz!
O engraçado é que quando estava próxima dos quarenta, fiquei verdadeiramente desesperada. Porém, o tempo, senhor de imensa sabedoria, me mostrou que não tem nada a ver. Quarenta não é o fim do mundo. (Ou melhor, dos tempos). Sinceramente é o início de uma fase brilhante. Para mim, pelo menos. Foi exatamente nesta fase que comecei a me apaixonar de verdade. (E por mim. É claro.) Nem imaginava que poderia ser uma pessoa tão maravilhosa. E muito modesta, diga-se de passagem.
Segundo tempo:
É imprescindível dizer que sou muito moderna. Moderna no sentido intelectual. Não que eu seja um poço de inteligência, mas sou bastante atual e consigo enxergar a vida com clareza. Não tenho medos inexplicáveis. Não sou insegura como uma adolescente. Aliás, nunca fui. Sou mesmo é bem resolvida.
Amo minha vida e a mim mesma. (Deu pra perceber, ?)
Mas nada disso é relevante. Eu queria mesmo era usar a palavra “descortinada”.

Recôndto.

Sou uma pessoa completamente seduzida pela música. As vezes, quando estou lendo, escrevendo, conversando, falando ao telefone, ou qualquer outra coisa, se começa a tocar uma música de que gosto, pronto, lá vou eu viajar nos acordes e letras desta preciosidade.
Viajo sim... E muito. É só uma questão de entrega. Me sinto embalada, afagada e tocada por mãos invisíveis.
Os sentidos aguçados são muitos, a audição principalmente, a visão cuja música me leva a lugares onde nunca estive e outros já tão visitados.
Acredito que todos temos uma trilha sonora. E com certeza a minha é muito longa e variada. Cada música tem um poder supremo sobre mim. Fico sintonizada, ligada e extasiada nela. Me esqueçam por favor, pelo menos enquanto dure.
Agora mesmo, neste exato momento em que escrevo este texto, tenho que dar uma breve pausa para saborear este néctar. Dou até umas balançadas de acordo com o acorde.
Graças a Deus existe música. Graças aos céus posso ouvir. Quem seria eu, ou como seria minha vida, sem este presente? Talvez uma vaga idéia de poesia musicada.
A questão é que para mim, a música é um recôndito. Um lugar secreto e particular. Um refúgio de calmaria e prazer. Um lugar onde posso ser livre, leve e solta. Uma praia única e singular. A minha praia!

Falando Sério...

Fico imaginando o motivo pelo qual nós mulheres não podemos ser nós mesmas. Isso me deixa louca da vida.
Qual é o problema de dizer o que penso? Principalmente para os homens.
Não tolero ser uma pessoa fingida. Em outras palavras: Se quero sair com alguém, porque tenho que fingir que não quero, e esperar que ele tome a iniciativa?
Porque simplesmente não posso dizer que quero transar com ele? Qual é o pecado nisso?
Aliás, pecado é passar vontade. É mentir e fingir. É se contrariar só porque não é certo que a proposta venha primeiro da mulher.
E quem disse que não é certo?
Meu Deus, quanta hipocrisia neste mundo pseudo-feminista.
Vejam bem, temos que agüentar a dor do parto, e caladas de preferência (afinal, dar à luz é uma obra divina).
Menstruamos, sentimos cólicas e a bendita TPM, mas temos que tomar um remédio e calar nossas bocas (é claro, não devemos encher o saco dos homens com assuntos de mulher).
A maior responsabilidade na educação dos filhos é nossa (nada mais justo, nós é colocamos eles no mundo).
Temos que nos manter enxutas, dispostas e sexualmente ativas (claro, não temos nada para fazer o dia inteiro).
Em fim, os tempos mudaram mas as regras nem tanto. Ainda vivemos num mundo machista (na pior das formas). Sofremos as mesmas discriminações de vinte anos atrás (acreditem, é só testar). E ainda somos rotuladas de “oferecidas”, “vagabundas” e “fáceis”, se dissermos que estamos a fim de alguém (para esse alguém!).
Se somos independentes, seja financeira ou emocionalmente, levamos a fama de “mulher-macho”!!!
E o pior é que todas estas formas de machismo vem também das próprias mulheres.
Me pergunto: Quando é que as mulheres vão entender que direitos iguais não é se transformar em homem. Ou seja, ninguém quer tomar o lugar, que é de direito, dos homens, nem ter a mesma força física e possuir características masculinas.
Posso falar por mim apenas (me considero uma mulher moderna). O que quero é poder fazer o que desejo sem correr o risco de ser apedrejada logo ali na esquina!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Pequenos prazeres.

Um dia, numa bela manhã você se levanta e abre a janela de seu quarto. O Sol invade todo o ambiente com sua luminosidade e agradável calor. Você abre os braços recebendo com prazer aquele presente. Sente os raios fracos da manhã aquecendo lentamente seu corpo. Quase sem perceber, já está sorrindo. Uma alegria instantânea se instala em seu coração e a vida lhe parece cheia de possibilidades.
Você pensa que a felicidade está chegando. Sente que o dia vai ser maravilhoso. Acredita que o mundo é um bom lugar para se viver. Tem certeza de que as pessoas não estão contra você, mas a seu favor. Tudo que imagina conspira para sua felicidade.
Neste dia, um dia qualquer, você é feliz!
A verdade é que não importa o dia seguinte. Não interessa como será o amanhã. O melhor dia é o de hoje.
Por um motivo muito simples:
A felicidade é efêmera e volátil.
É um momento apenas.
Pode vir e ir num instante. Num dia.
Mas é ela que nos faz sentir que estamos vivos. É ela que esperamos ansiosos por muitos dias.
E é ela que devemos reverenciar.
Pois é nos pequenos prazeres que ela é encontrada.
Se não dermos importância às pequenas coisas que nos dão prazer, poderemos deixar que a felicidade passe despercebida por nossas vidas.

terça-feira, 11 de março de 2008

Meu sentido

Não tenho muito a oferecer, somente o que sei.
Não tenho bagagem, não tenho dinheiro, nem tenho passado. Tenho apenas a mim...
Não tenho histórias, nem alegres e nem tristes, para contar. Deixei tudo para trás.
Meu palácio foi trancado e esquecido, e lá ficaram minhas riquezas e lembranças.
Não carrego mais nada, pois nada mais me serve agora. Sigo em frente, de cabeça erguida, olhos bem abertos e passos firmes. Levo comigo só minha vontade, minha fé e minha força.
Não ofereço perigo algum, tampouco tenho medo e arrependimentos. Abandonei minhas incertezas, minhas inseguranças e minhas culpas.
Agora, viajo sozinha, vivendo um dia de cada vez, não desperdiçando nenhum minuto, pois o tempo é um presente valioso.
Não sei quem fui e nem mesmo quem serei, sei apenas quem sou agora.
Deixo o vento me levar e minha intuição me guiar.
Sei que nada é eterno e que tudo é passageiro.
Meu maior sentido é deixar a vida fluir em mim, por mim e através de mim...

sábado, 1 de março de 2008

Comentário sobre a carta do Cacique Seattle.

Dias atrás, recebi uma mensagem com a já conhecida Carta do Cacique Seattle. A carta que foi enviada ao então presidente dos Estados Unidos, no ano de 1855.

Fiquei surpresa, apesar de conhecer o conteúdo do documento há algum tempo, pois havia me esquecido de parte das palavras lá escritas. Minha surpresa deu-se por conta do tempo, passou-se um século e mais algumas décadas. Para ser mais exata foi um século, cinco décadas e três anos. Muito tempo mesmo!

Contudo, suas palavras são tão atuais, como se tivessem sido escritas há um mês atrás.
Sim, seu conteúdo é atualíssimo. Vivemos nos dias de hoje, presenciando os acontecimentos previstos pelo Cacique naquela época. A terra, que nos dá tanto, está sendo negligenciada por nós. Pior ainda, estamos abusando de seus recursos. Extraímos o que precisamos e o que não necessitamos, desperdiçando tudo o que é valioso para nós e para o futuro do planeta.

Eu me pergunto: Como uma pessoa que viveu há mais de um século atrás, teve a exata visão do futuro traçado por nós, homens civilizados?
Ele, o Cacique, foi um visionário, para não dizer um profundo conhecedor do ser humano. Um homem que sequer conhecia a fundo nossos hábitos. Porém, que os analisou com infinita sabedoria. Alguém que já sabia que o mesmo Deus que amavam, era o mesmo Deus de todos os homens.

Durante todos estes anos vimos as guerras provocadas por nós, destruindo grande parte de nossa terra e matando nossos irmãos. Guerras por poder, por posse de um pedaço de terra e por uma disputa insana entre homens que acreditavam que seu Deus era melhor que o Deus dos outros. Mas não reverenciamos o mesmo Deus? O que não enxergamos é o fato de que esse Deus, seja o nome que dermos à Ele, é o mesmo e o único. Não importa Seu nome, mas sim o que Ele significa. Ele é o amor entre os seres vivos, entre a terra e o homem, entre o homem e seu semelhante.

Infelizmente o Cacique estava certo. Hoje a terra sofre e fede em conseqüência do que fizemos a ela. Seus recursos, antes abundantes, estão se extinguindo. O ar está cada vez mais poluído. As águas, de tão sujas, não matam mais nossa sede.

Ouso dizer, que chegará o dia em que choraremos e sofreremos por todo o abuso e toda a inconseqüência com que tratamos nossa “amada terra”. Mas nosso sofrimento e lágrimas, de nada adiantarão. Será tarde demais para nós!

sábado, 2 de fevereiro de 2008

As portas da percepção

Tenho uma amiga que diz que se sente “presa num closet”, metaforicamente é claro. E nos últimos tempos, não tanto tempo assim, conseguiu sair de seu “closet prisão”, enfim abriu as portas e descobriu um mundo novo. Ah... e está muito feliz!

Fiquei extremamente contente por ela, e mais legal ainda, é que escreveu uma despedida para sua prisão.

Como sou de pensar muito (fazer o que? ), me pergunto quantas pessoas, incluindo eu mesma, estão presas em seus closets, armários, baús, etc... só esperando que as portas se abram.

Então, escrevi para minha amiga, recém liberta, que as portas normalmente estão apenas encostadas, mas procuramos desesperadamente uma forma mágica de abri-las. E no final das contas, era só empurrá-las!

Entretanto, não existe manual de instruções, não sabemos “como fazer”, a não ser se tentarmos, seja de qual forma for, respeitando sempre nosso próprio tempo, pois muitas vezes, as portas podem estar escancaradas, mas não nos sentimos bastante seguros para sair....

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O que não vejo...

“Espero que seu desejo de viver de uma maneira nova, seja mais forte de que seu desejo de perseverar nas velhas defesas, repetindo as mesmas atitudes que não lhe trouxeram satisfação.” (Sandra Ford Walston)

Aquilo que não vejo, que está longe de meus olhos, o que não posso descrever, é algo que existe, não para mim que sentada confortavelmente em meu sofá, apenas ouço nos noticiários e rápidos flashes da tv.
Ouço repórteres relatando os horrores e as devastações causados pelas guerras, deixando um rastro de destruição, sofrimento, dor, fome e desesperança naqueles que não só puderam ver, mas também sentir.
Guerras sem sentido, ou mesmo sem um verdadeiro propósito, guerras que alguns denominam de “Santas”, outros de “libertação” e até mesmo as que são provocadas por influência externa, por fome de poder e uma insaciável ânsia de conquistas.
E não consigo ver também, aqueles que as desencadearam, logo na linha de frente, sofrendo as conseqüências de seus atos e, o que é pior, nem mesmo lamentando as vidas que desumanamente foram arrancadas daqueles que lá estavam e viveram tais horrores.
Não vejo e não vivo tudo isto, mas me compadeço das pobres vítimas, pessoas sem rostos, sem nomes, apenas números nas estatísticas.
Contudo, não sou melhor do que os tiranos e ditadores, pois continuo confortável e segura, dentro de minha casa e de onde não presencio esta cruel realidade, só imagino e rezo pelos infelizes.
Porém, acima de tudo, rezo por minha própria alma, pela libertação desta minha prisão aconchegante e segura, rezo pela coragem que existe em algum lugar dentro de mim, rezo e peço para que um dia faça algo de que possa me orgulhar, algo que possa diminuir ou confortar as terríveis dores sofridas pelos meus semelhantes, que sequer imaginam minha culpa.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Partida.

“Certeza é o chão de um imóvel. Prefiro as pernas que me movimentam!”

(Nando Reis – A letra A)


Ela olhou mais uma vez para a porta aberta do ônibus de viagem, que recebia os passageiros para a partida. Sabia que era a última para embarcar, os demais viajantes aguardavam impacientes, mas ela não conseguia se mover, seus pés não saíam do lugar.

A grande mala, com todas as suas roupas, já estava depositada no bagageiro do grande ônibus, tinha nas mãos apenas uma pequena bolsa com seus documentos e algum dinheiro. Segurava as alças daquela bolsa, com tamanha força, que mais parecia uma ancora a lhe fixar no local.

O motorista, que se posicionava atrás do volante, percebeu a hesitação da moça. Parada ali parecia-lhe tão frágil, assustada e triste, que compadeceu-se dela e descendo do ônibus, foi falar-lhe:

- Está tudo bem moça? – dirigiu a ela um sorriso de simpatia.

- Eu...eu...não sei. – respondeu indecisa – Acho que estou com medo de partir. Tenho medo do que virá.

O velho e experiente motorista, que já vivera o bastante para conhecer os sentimentos humanos, arriscou um conselho:

- Sabe moça, aprendi com a própria vida que nenhuma dor é tão grande, que não possa ser superada, nenhum problema é tão grave, que não tenha solução, não existem certezas na vida, a não ser a morte, mas não há neste mundo estrada alguma, que não possa trazê-la de volta.

Assim, com um aceno de cabeça, ele voltou ao seu posto e aguardou.

Ela olhou para ele, com um sorriso tímido e embarcou no ônibus. Sentou-se em sua poltrona, fechou os olhos no exato momento em que o veículo começou a se movimentar, relaxou o corpo e pensou no que o velho e sábio senhor lhe dissera.

Após certa distância percorrida, soltou um leve suspiro, riu para si mesma e decidiu entregar-se ao estimulante sentimento de recomeço.