sexta-feira, 25 de abril de 2008

Como dizia meu pai...

— Meu filho, tudo que é bem feito se faz com os dedos, não com as mãos.

Tenho tido ocasião ao longo da vida de observar como é procedente este seu ensinamento. A mão é grossa, pesada, insensível. Se não fossem os dedos de nada serviria, a não ser para dar bofetadas. Os dedos são refinados, sensitivos, e a eles devemos tudo o que é bem feito e acabado: do mais requintado trabalho manual às mais complicadas operações, da mais fina sensação do tacto à mais terna das carícias.

(Texto extraído do livro: A volta por cima - de Fernando Sabino)

Dedico este trecho à meu querido pai. Que possuía infinita sabedoria diante de tão pouca instrução. Sua maior e mais rica escola... foi a própria vida.

O charme paulistano.

Há quem diga que paulista não tem charme. Paulista não tem carisma, simpatia ou até beleza. P-e-r-a-í meu irmão.... Tem sim... E muito. Tá legal... Meu?
Paulista não tem a mesma jinga de seu colega de cima. Não o mineiro, pois mineiro não tem ginja, tem é esperteza. O cara lá de cima, aquele que vive de frente para o mar. Nossos colegas de porrrta, aqueles que jamais darão o braço a torcer, sabem bem disso. Paulista é bom no samba, sabe dar seus passinhos, suas requebradas. Sabe até cantar uma mulher.
Paulista é malandro sim. Só que um malandro engravatado e com hora marcada. Ele divide seu tempo entre o trabalho, o happy-hour e a sacanagem. São coisas distintas para nós. Algumas vezes até misturamos, mas com a planilha do Excel aberta para não confundir as estações.
Nós também vamos à praia. Com menos freqüência é claro. Mas vamos e sabemos até pegar onda, tomar uma breja e azarar umas (para os homens) garotas. E pasmem... Até ficamos bronzeados. Não se esqueçam: o Sol é igual para todos.
A maior diferença entre os oponentes é o stress. Um nem sabe o que é. O outro tem tanto que é obrigado a se medicar. Mas fazer o que? Alguém tem que trabalhar neste país.
Entretanto, este charme é um pouco oculto. Não gostamos de ser escancarados. Deixamos para mostrar este trunfo quando nos é conveniente. (O problema é que nossos arqui-rivais são encantadores em tempo integral.)
Mas deixando de lado a disputa bairrista, geograficamente falando, o brasileiro em geral, seja paulista, carioca, mineiro, baiano, etc.., é charmoso por natureza. Mas que beleza!

Infelizes aqueles que não tiveram a sorte de nascer em sólo fértil e mãe gentil. Nossa pátria amada: Brasil!

Revelação em dois tempos...

Não, não. Não estou falando de revelar fotografias. Não estou me referindo a uma grande promoção de revelações de filmes. Tampouco estou determinando o tempo de uma revelação.
O negócio é o seguinte: Quero revelar a mim mesma. É isso mesmo, me revelar! Até mesmo me “descortinar”. (Acho bem legal essa palavra).
Sim, é exatamente o que desejo. E porque não? Sou dona de minhas faculdades mentais. Mesmo que alguns possam duvidar disso. Além de dona, sou também bastante senil. Tenho razão e emoção. Embora nem sempre as duas caminhem juntas. (Na verdade quase nunca).
Bem, se vou me revelar é melhor começar logo e não ficar nesta embromação.
Primeiro tempo:
Sou uma mulher de quarenta anos. E muito feliz!
O engraçado é que quando estava próxima dos quarenta, fiquei verdadeiramente desesperada. Porém, o tempo, senhor de imensa sabedoria, me mostrou que não tem nada a ver. Quarenta não é o fim do mundo. (Ou melhor, dos tempos). Sinceramente é o início de uma fase brilhante. Para mim, pelo menos. Foi exatamente nesta fase que comecei a me apaixonar de verdade. (E por mim. É claro.) Nem imaginava que poderia ser uma pessoa tão maravilhosa. E muito modesta, diga-se de passagem.
Segundo tempo:
É imprescindível dizer que sou muito moderna. Moderna no sentido intelectual. Não que eu seja um poço de inteligência, mas sou bastante atual e consigo enxergar a vida com clareza. Não tenho medos inexplicáveis. Não sou insegura como uma adolescente. Aliás, nunca fui. Sou mesmo é bem resolvida.
Amo minha vida e a mim mesma. (Deu pra perceber, ?)
Mas nada disso é relevante. Eu queria mesmo era usar a palavra “descortinada”.

Recôndto.

Sou uma pessoa completamente seduzida pela música. As vezes, quando estou lendo, escrevendo, conversando, falando ao telefone, ou qualquer outra coisa, se começa a tocar uma música de que gosto, pronto, lá vou eu viajar nos acordes e letras desta preciosidade.
Viajo sim... E muito. É só uma questão de entrega. Me sinto embalada, afagada e tocada por mãos invisíveis.
Os sentidos aguçados são muitos, a audição principalmente, a visão cuja música me leva a lugares onde nunca estive e outros já tão visitados.
Acredito que todos temos uma trilha sonora. E com certeza a minha é muito longa e variada. Cada música tem um poder supremo sobre mim. Fico sintonizada, ligada e extasiada nela. Me esqueçam por favor, pelo menos enquanto dure.
Agora mesmo, neste exato momento em que escrevo este texto, tenho que dar uma breve pausa para saborear este néctar. Dou até umas balançadas de acordo com o acorde.
Graças a Deus existe música. Graças aos céus posso ouvir. Quem seria eu, ou como seria minha vida, sem este presente? Talvez uma vaga idéia de poesia musicada.
A questão é que para mim, a música é um recôndito. Um lugar secreto e particular. Um refúgio de calmaria e prazer. Um lugar onde posso ser livre, leve e solta. Uma praia única e singular. A minha praia!

Falando Sério...

Fico imaginando o motivo pelo qual nós mulheres não podemos ser nós mesmas. Isso me deixa louca da vida.
Qual é o problema de dizer o que penso? Principalmente para os homens.
Não tolero ser uma pessoa fingida. Em outras palavras: Se quero sair com alguém, porque tenho que fingir que não quero, e esperar que ele tome a iniciativa?
Porque simplesmente não posso dizer que quero transar com ele? Qual é o pecado nisso?
Aliás, pecado é passar vontade. É mentir e fingir. É se contrariar só porque não é certo que a proposta venha primeiro da mulher.
E quem disse que não é certo?
Meu Deus, quanta hipocrisia neste mundo pseudo-feminista.
Vejam bem, temos que agüentar a dor do parto, e caladas de preferência (afinal, dar à luz é uma obra divina).
Menstruamos, sentimos cólicas e a bendita TPM, mas temos que tomar um remédio e calar nossas bocas (é claro, não devemos encher o saco dos homens com assuntos de mulher).
A maior responsabilidade na educação dos filhos é nossa (nada mais justo, nós é colocamos eles no mundo).
Temos que nos manter enxutas, dispostas e sexualmente ativas (claro, não temos nada para fazer o dia inteiro).
Em fim, os tempos mudaram mas as regras nem tanto. Ainda vivemos num mundo machista (na pior das formas). Sofremos as mesmas discriminações de vinte anos atrás (acreditem, é só testar). E ainda somos rotuladas de “oferecidas”, “vagabundas” e “fáceis”, se dissermos que estamos a fim de alguém (para esse alguém!).
Se somos independentes, seja financeira ou emocionalmente, levamos a fama de “mulher-macho”!!!
E o pior é que todas estas formas de machismo vem também das próprias mulheres.
Me pergunto: Quando é que as mulheres vão entender que direitos iguais não é se transformar em homem. Ou seja, ninguém quer tomar o lugar, que é de direito, dos homens, nem ter a mesma força física e possuir características masculinas.
Posso falar por mim apenas (me considero uma mulher moderna). O que quero é poder fazer o que desejo sem correr o risco de ser apedrejada logo ali na esquina!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Pequenos prazeres.

Um dia, numa bela manhã você se levanta e abre a janela de seu quarto. O Sol invade todo o ambiente com sua luminosidade e agradável calor. Você abre os braços recebendo com prazer aquele presente. Sente os raios fracos da manhã aquecendo lentamente seu corpo. Quase sem perceber, já está sorrindo. Uma alegria instantânea se instala em seu coração e a vida lhe parece cheia de possibilidades.
Você pensa que a felicidade está chegando. Sente que o dia vai ser maravilhoso. Acredita que o mundo é um bom lugar para se viver. Tem certeza de que as pessoas não estão contra você, mas a seu favor. Tudo que imagina conspira para sua felicidade.
Neste dia, um dia qualquer, você é feliz!
A verdade é que não importa o dia seguinte. Não interessa como será o amanhã. O melhor dia é o de hoje.
Por um motivo muito simples:
A felicidade é efêmera e volátil.
É um momento apenas.
Pode vir e ir num instante. Num dia.
Mas é ela que nos faz sentir que estamos vivos. É ela que esperamos ansiosos por muitos dias.
E é ela que devemos reverenciar.
Pois é nos pequenos prazeres que ela é encontrada.
Se não dermos importância às pequenas coisas que nos dão prazer, poderemos deixar que a felicidade passe despercebida por nossas vidas.