segunda-feira, 19 de março de 2007

O queijo e Eu...

Abro a minúscula geladeira, da minúscula cozinha de deu minúsculo apartamento. Olho para o solitário pedaço de queijo, que descansa desajeitadamente sobre um pequeno prato de sobremesa e penso que já é hora de joga-lo no lixo, pois ele está lá por tempo demais, tanto que foi tomado por uma camada branca de fungos. Mas de alguma forma não consigo imaginar me desfazendo dele, não sei mas ele me lembra a mim mesma, que de tanto esperar alguma coisa, fiquei cheia de fungos brancos... Eles se apoderaram de mim e me revelaram a força devastadora do tempo, tão cruel e irreversível.
Fico tão hipnotizada com a imagem daquele queijo que me mantenho horas, com a porta da geladeira aberta, contemplando a ação da inércia. Que coisa bela e forte é a falta de movimento, quando todas as outras coisas do mundo se aproveitam oportunamente desta situação. Pois apesar do queijo estar inerte, os fungos estão se movimentando e seguindo adiante em suas tarefas diárias.
Bem, sinto que é hora de quebrar o encanto e fechar a porta da geladeira, sem é claro, jogar o meu querido queijo na lata do lixo.
Vou para meu quarto e me deito em minha cama desarrumada, com os pensamentos voltados para o inevitável prazo de validade de todos nós, seres humanos e laticínios...

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