quarta-feira, 14 de maio de 2008

Carta de amor.

Eu te escrevi uma longa carta de reconciliação. Abusei do Português, gastei meu perfume caro em papel barato. Usei de todos os recursos para lhe convencer que podia dar certo.
Você não respondeu. Nem uma única linha, nem um telefonema, ou um simples recadinho.
Não me dei por vencido. Escrevi outra. Desta vez em papel caro, com perfume importado e caligrafia caprichada. Enviei com ela, um botão de rosa vermelha. Só para saber, depois, que você havia partido deste mundo.
Recebi a notícia há pouco. Um parente seu me respondeu por carta. Junto dela, vieram as duas que eu havia escrito. E assim, subtamente, fiquei sem saber o que fazer.
Então, resolvi continuar te escrevendo. Talvez, de alguma forma, você consiga receber o recado pelo astral.
Em primeiro lugar:
Porque você fez isto comigo? Como é que você morre assim tão jovem, tão cheia de alegria e vontade de viver? Tem idéia de como me sinto?
Que droga. Tínhamos tanto a falar, um ao outro. Tanto carinho a trocar, dias de prazer e felicidade juntos.
Isso é bem do seu feitio. Ir embora de repente, sem aviso prévio, sem se despedir ou se justificar. E eu, idiota como sempre, ficarei para trás. Imaginando como seria nosso futuro, se teríamos filhos, se compraríamos uma casa de praia, se arranjaríamos um cachorro grande e barulhento.
Agora estou aqui, preso nesta sensação de impotência. Brigando com você sem ao menos saber se me ouvirá. Aliás, como sempre. Foi você que sempre me ignorou. Sempre me deixou. Sempre deu a última palavra. E desta vez, literalmente e definitivamente.
Sabe, estou furioso. Triste também, mas acima de tudo, furioso.
Tomara que você saiba o que estou sentindo. Só para me dar algum conforto.
Entretanto, tomara que saiba, também, que te amo muito. Sempre amei e amarei até o fim. Ainda que tenha me abandonado desta forma irracional e intempestiva.

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