sexta-feira, 25 de julho de 2008

De volta pra casa

Cá estou, frente ao espelho que reflete um rosto desconhecido. Mudei, talvez irremediavelmente. Uma mudança profunda e necessária, dessas que a vida impõe por razões inexplicáveis, mas, absolutamente importantes.
Tento me descrever, sem muito sucesso, pois nada mais é igual ou parecido. É um novo ar, uma potente rajada de vento, um colorido diferente e uma luz mais brilhante. Meu lugar não é mais comum, é singular e incomparável, cheio de novos sentidos e visões aguçadas. Os sabores mudaram. As texturas são mais macias e aconchegantes. É tudo muito confortável.
Sinto-me como um cego, que aprendeu a desenvolver seus outros sentidos em função da necessidade de prosseguir. As cores são mais intensas, os sabores mais marcantes, os perfumes mais agradáveis, o toque mais suave e as músicas mais melodiosas.
Deixei as coisas amargas no passado, onde devem permanecer, e lambuzei meus dias com mel, para torná-los mais doces e atrativos. Perfumei minha vida, enfeitei-a com flores.
Comprei uma casa para sair da prisão vertical. Esqueci meus temores antigos. Agora, caminho mais e dirijo menos. Enxergo as pessoas com outros olhos. Consigo ouvi-las e entendê-las sem julgamentos. Aprendi a falar.
Hoje atravesso pontes e vales, por mais extensos que sejam, com a certeza de que chegarei ao outro lado. Não tenho tanta pressa. Procuro apreciar o trajeto e viver o momento. Existem muitas belezas no mundo.
Talvez, cada um a seu tempo, tenha que chegar ao momento crucial das mudanças para continuar o caminho de volta ao lar.
http://br.youtube.com/watch?v=fDQnkYwfNfk

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